Como? Top-Top Garcia está dizendo o que diz Reinaldo Azevedo? Pois é… Então vamos falar um pouquinho sobre verdades, mentiras, má consciência, essas coisas…
Olhem cá, minhas caras e meus caros: o meu compromisso é com os fatos. E, claro, não abro mão de dizer o que penso a respeito. Um mundo em que até Marco Aurélio Garcia, o Top-Top, pode dizer coisas sensatas talvez ande um tanto do avesso… Fazer o quê? A gente está aqui é para […]
Olhem cá, minhas caras e meus caros: o meu compromisso é com os fatos. E, claro, não abro mão de dizer o que penso a respeito. Um mundo em que até Marco Aurélio Garcia, o Top-Top, pode dizer coisas sensatas talvez ande um tanto do avesso… Fazer o quê? A gente está aqui é para isto mesmo: para revelar, como diz a minha mãe, “o lado direito do bordado”…
Peço que vocês leiam como muita atenção trechos deste texto de Jamil Chade no Estadão Online (íntegra aqui). Volto em seguida.
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Embora tenha votado em favor da admissão do novo governo líbio na ONU, o Brasil não dá por encerrada a crise no país, alerta para as divisões do Conselho Nacional de Transição (CNT) e diz ter informações de que a cúpula do grupo que tomou o poder em Trípoli também ordenou a execução de membros do regime de Muamar Kadafi. Em declarações ao Estado, o assessor especial do Palácio do Planalto para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o governo brasileiro vê a situação ainda com muita desconfiança. “A situação não está resolvida ainda e pode ser muito perigosa”, disse. Garcia lembrou que os combatentes do CNT ainda não tomaram Sirte, reduto de Kadafi, e não há um cenário claro sobre o futuro da Líbia.
Para o Brasil, a situação líbia justifica a cautela em relação à atuação da diplomacia no caso da Síria. Na terça-feira, o País absteve-se mais uma vez no Conselho de Segurança da ONU na votação de uma resolução– enfim, vetada por Rússia e China – que condenava Damasco pela brutal repressão a manifestantes de oposição ao líder Bashar Assad.
A justificativa oficial de Brasília é a de que a Resolução 1.973, que autorizou a Otan a intervir militarmente para proteger civis da fúria de Kadafi, foi interpretada de forma abusiva pela aliança atlântica, que apoiou com ataques aéreos a insurgência na Líbia. O temor é que o roteiro se repita na Síria. “A situação (sobre a resolução para a Síria) é muito, muito complicada”, disse. “Mas já está encerrada. Rússia e China agiram de forma bastante firme. A China havia anos não tomava uma posição de veto.”
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Reconhecimento tardio
A tomada da capital líbia, Trípoli, pelos então rebeldes, quase um mês atrás, fez a comunidade internacional apressar o reconhecimento do Conselho Nacional de Transição como o governo legítimo do país. Chefes de governo e Estado da Europa viajaram até a cidade para mostrar que Muamar Kadafi já não mais controlava a Líbia e Nicolas Sarkozy, presidente da França, reuniu em Paris governos de todo o mundo para dar por encerrada a crise.
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Crimes
Garcia acrescenta que o governo brasileiro recebeu informações de que parte da cúpula das forças anti-Kadafi esteve envolvida diretamente em ordens para massacrar pessoas ligadas ao regime do ditador foragido.
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Voltei
É claro que as forças anti-Kadafi também massacraram seus adversários. Isso foi noticiado com razoável visibilidade mundo afora. Basta pesquisar. A imprensa brasileira, especialmente a TV, quase ignorou o assunto porque não gosta de “homens maus”, ora… E Kadafi era um homem mau que matava homens bons, como nas histórias infantis de antigamente…
No arquivo deste blog, vocês encontrarão muitos textos deste escriba sustentando o óbvio: EUA, França, Grã-Gretanha — e, depois, a Otan — violaram de modo vergonhoso a resolução da ONU. No dia 24 de agosto publiquei um texto cujo título é este: “Mas que diabo há com os jornalistas, que se mostram incapazes de dizer a verdade sobre a Líbia?” Pois é. Poucos disseram. Há um link lá para a íntegra da resolução.
Boa parte de respeitáveis analistas, inclusive brasileiros, se calou diante da óbvia transgressão à resolução por, creiam, OBAMISMO! O presidente americano faz muito mais sucesso fora dos EUA do que dentro — desde a sua eleição, diga-se, em 2008. Isso é má consciência. E o governo brasileiro? Fez a coisa certa no caso da Líbia, mas por maus motivos. Isso também é má consciência, mas do outro lado.
Ora, basta ver a opinião da petezada em outras questões relevantes: será sempre contrária, ou quase, à dos Estados Unidos. Aquele voto a favor do envio de uma comissão ao Irã foi café pequeno; é coisa bem diferente de condenação, né? Foi visto como sinal de mudança de rumo da política externa. Não era.
Assim, temos que o “obamismo” baba-ovo determinou o silêncio constrangedor de boa parte da imprensa mundial — no Brasil, vocês sabem onde estão as exceções — diante do desrespeito à resolução da ONU; e o antiamericanismo cretino pautou a posição do Brasil no caso da Líbia (ainda que Marco Aurélio Garcia diga, nesse caso, a verdade) e agora da Síria.
Para encerrar
Não faltará quem diga: “Pô, Reinaldo! Você dizendo a mesma coisa que o MAG”!?. Em primeiro lugar, eu escrevi antes, como os arquivos deixam claro. Em segundo lugar, não é um MAG da vida quem determina o que eu penso ou deixo de pensar. Ou eu faria com petistas mais ou menos o que petistas fazem com os EUA: “Se eles dizem A, eu digo o contrário”. Não! Eu digo o que digo. Quem está ou não está comigo numa determinada opinião me é absolutamente irrelevante. Já aconteceu de eu estar sozinho mesmo. Maioria não é sinônimo de verdade.