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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Chefona tucana troca farpas com petista graúdo no Twiitter. Um doce para quem adivinhar, antes de ler o texto, quem desempenhou o papel de obscurantista. Ou: Como perder eleição e influenciar pessoas

Decidi manter este texto no alto. Há posts da madrugada abaixo dele. Minhas caras, meus caros, acabo de ganhar alguns presentes no Twitter. Realmente não estava acompanhando a minipolêmica, mas vale a pena. Uma amiga me ligou: “Veja lá”. Vi. José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e hoje um dos diretores da Petrobras, leu o […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h27 - Publicado em 7 set 2013, 07h05

Decidi manter este texto no alto. Há posts da madrugada abaixo dele.

Elena Landau, chefona tucana: aquelas coisas atrás dela, fora de foco, são livros. “Pra que tanto livro, meu Deus?”, pergunta o meu coração!

Minhas caras, meus caros, acabo de ganhar alguns presentes no Twitter. Realmente não estava acompanhando a minipolêmica, mas vale a pena. Uma amiga me ligou: “Veja lá”. Vi. José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e hoje um dos diretores da Petrobras, leu o meu post sobre a adesão de Caetano Veloso aos black blocs (ver na home) e escreveu a seguinte mensagem no Twiiter:

 

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Comento
Onde se lê “temos”, leia-se “tempos” (ele próprio corrigiu no tuíte seguinte). É o tipo de provocação que acho até saudável, compatível com o meio. Eu poderia escrever a mesma coisa se concordasse com um texto de alguém que considero essencialmente errado. Marilena Chaui, cujo pensamento costumo execrar, disse que os black blocs são fascistas. Eu também acho, embora considere que seu pensamento, muitas vezes, flertou com esse tipo de prática — mas isso fica para outra hora. Não é a primeira vez que Dutra me faz uma provocação dessa natureza; eu mesmo já cheguei a tomar a iniciativa. Tudo certo! Mas aí aconteceu algo realmente sensacional.

A tucanaça Elena Landau, que foi feita presidente do Instituto Teotônio Vilela-RJ por Aécio Neves, presidente do PSDB e pré-candidato do partido à Presidência, escreveu o seguinte para o petista Dutra, que lhe deu uma resposta na sequência:

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Retomo
Viram só? Elena Landau é a presidente do instituto tucano voltado para a reflexão e o pensamento. O PT passou a me causar horror — fui um dos primeiros filiados, do mesmo “núcleo” de Celso Daniel e Miriam Belchior — porque repudiava certas práticas que me pareciam incompatíveis com a tolerância política que eu advogava.

Esta senhora é presidente do instituto de um partido que deveria estar dedicado a buscar respostas, alternativas, soluções para questões que, entendo, começam a fugir não só ao controle do PT como estão, acho, além do seu repertório. Não obstante,  está fazendo futrica no Twitter, destilando o seu rancor, o seu odiozinho mixuruca, vulgar e, vocês verão, sectário. Excita e estimula a intolerância, inclusive dentro do PSDB — e não porque eu seja tucano, que isso, definitivamente, nunca fui e nunca serei (ainda que Dutra ache).

De algum modo, ora vejam (e Dutra não vai confundir isto com um elogio, como eu não confundi seu tuíte)!, a mensagem do petista é, vá lá, inclusiva, tolerante. Está a dizer que pode, excepcionalmente, ler um post que escrevo e, mais excepcionalmente ainda, concordar com o que lá vai — ainda que não seja concordância absoluta, por certo.

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Elena Landau não! Aquela que já foi chamada de “musa da privatização” — e vou me abster, por ora ao menos, de tratar de toda a literatura lírica que se produziu a respeito à época — está na fase da depuração, entenderam? Dutra, o petista, diz que leu um artigo meu; Elena Landau, alçada à condição de pensadora-mor do PSDB, convida os que a seguem à discriminação, à exclusão do mundo dos vivos daqueles e daquilo de que ela discorda. Calma que a coisa vai ficar ainda mais interessante.

Voltei

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Dutra, obviamente, sabe que não sou tucano, mas também faz parte da sua encenação. Também tem claro, porque idiota não é, que sou muito mais conservador — ou, em esquerdês, mais “reacionário” do os pessedebistas. A presidente do Instituto Teotônio Vilela-RJ, a sede do moderno pensamento emplumado, afirma, como se vê, que não sou “tucano, mas serrista”. Logo, deve-se concluir que um serrista não é tucano — o que conduz à constatação, então, de que o próprio Serra não o seja.

Trata-se, com efeito, de uma conversa interessante porque aqui e ali, em áreas da imprensa muito bem pautadas — algumas tão livres quanto um táxi —, vende-se a imagem de que eventuais dificuldades que Serra encontra no partido se devem a seu temperamento difícil ou algo assim. Esta gigante do pensamento tucano acredita, pelo visto, que não apenas ele deva ser banido do PSDB como banidos do mundo devem ser aqueles que ela acha “serristas”.

Chamo a atenção para o fato de que dona Elena Landau é, hoje, apenas a presidente do Instituto Teotônio Vilela-RJ, e seu candidato está em terceiro lugar nas pesquisas — a depender do levantamento, em quarto. Se um dia viesse a ganhar a eleição, é bem provável que a musa virasse ministra de estado. Se, na oposição, com as dificuldades que se anunciam, ela exibe essa tolerância, posso imaginar como agiria se chegasse ao poder.

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Eu não sou crítico severo do PT, desde que desisti do partido, em 1982, por fetiche. Como sabem meus leitores, certo ou errado, pretendo fazer uma crítica intelectualmente honesta, a saber: não pergunto a cor partidária de uma proposta para saber se ela me serve ou não. Qualquer um que me leia usual ou esporadicamente, como Dutra, constata que, por exemplo, jamais puxei o saco de manifestantes porque, sei lá, a popularidade de Dilma despencou. Leitores chegaram a dizer que desistiam do blog por conta das coisas que escrevi sobre os protestos. “Então você não viu que acabou a magia do PT?”, me indagavam. Ainda que fosse verdade (e minha leitura é diversa, como sabem), NEM TUDO O QUE O NÃO É PT ME SERVE, já disse aqui umas quinhentas vezes. Se há coisa que sei há tempos é que o diabo sempre pode ser mais feio — ou ele não seria o diabo, mas apenas um candidato a diabo. Como extremo e elemento absoluto, não tem limites. E o petismo, que não me serve, não é, por óbvio, o limite nem o fundo do poço.

Elena Landau resolveu colaborar com a pré-campanha eleitoral de Aécio Neves exercitando o que entende ser a tolerância. Está de parabéns! Nada poderia ser mais eloquente do que seus tuítes. Reparem: ela tem todo o direito de não gostar de mim. Eu nem sei se não gosto dela. Se um dia eu pensar nisso, então eu lhes direi. O que percebi e que ela decidiu pespegar em mim a pecha de “serrista”, o que, a seu juízo, é um motivo adicional para que eu seja execrado.

Coitado do PSDB! Coitados dos tucanos de boa-vontade, e os há, sim! Coitados dos tucanos decentes, e eles existem, sim! Coitadas das oposições! Coitada da alternância de poder! O que dona Landau produziu até hoje de pensamento político? Sobre as demandas urgentes que estão aí, a pedir uma resposta, o que ela ofereceu de aceitável, de respeitável, de mobilizador, que esteja em debate? Os petistas, vá lá, quando menos, leem mesmo aquilo e aqueles que detestam, o que certamente colabora para que se situem no debate. A grande pensadora do PSDB, não! Ela preside um instituto para ficar fazendo fofoca no Twitter e reclamando do trânsito de São Paulo, como uma dondoca incomodada com a brasileirada que está no seu caminho. É ligeira, intolerante e, por óbvio, tola. Ao fazê-lo, deve ter imaginado que estava dando uma cutucada em Haddad. Não! Só estava reforçando o estereótipo da dondoca contra o povo!

Mas ela nem sabe a que me refiro porque lhe faltam experiência política, repertório, leitura, conhecimento da realidade. É mais uma daquelas que vivem do espólio político que deixou o Plano Real, sendo, ao mesmo tempo, uma de suas viúvas bem-sucedidas, incapazes de produzir, depois do passamento, qualquer coisa de aproveitável para o Brasil. À falta de ideias que respondam aos desafios de hoje, então voltam ao passado para ressuscitar as virtudes vivificantes do cadáver. Já era, dona! A rigor, o grande estrategista do PSDB sempre foi o… Plano Real. Foi o maior pensador do partido. Sequestradas as suas virtudes, e até os seus defeitos, pelo PT, restou-lhes a disputa de uma narrativa sobre o passado, não sobre o futuro. Eleições, seria ocioso dizer não fosse necessário, disputam o espaço do futuro. Lamento escrever isso porque há tucanos pelos quais tenho, sim, respeito e admiração. 

Quando digo que não sou tucano, vejam bem!, não peço que acreditem em mim. Peço que acreditem em Elena Landau. Dutra, petista de quatro costados, que deve execrar a maior parte das coisas que escrevo, ao menos emitiu uma opinião — excepcionalmente favorável — depois de ler um texto. É poder e vai continuar poder. Dona Landau não se importa com o que o texto diga ou deixe de dizer. Ela não gosta é do “quem”. E, por isso, vai continuar a ser Elena Landau.

Dia desses, encerrei assim um post sobre certa patrulha tucana, que resolveu encher o meu saco: “Mas não venham uns tantos me patrulhar, não! Não aceito nem patrulha vermelha nem azul. Nem censura vermelha nem azul. Nem difamadores vermelhos nem azuis.”

Que bom, leitores! Quem quer que vença a eleição, este blog continuará a se distinguir de uma loja de secos & molhados ou de um táxi. Indo para a caricatura, ironizo: se for o PT, talvez eles me permitam, ao menos, ter lápis e papel na cadeia, como tinha Graciliano (e não estou me comparando a ele porque se trata, reitero, de uma caricatura). Se Dona Landau chegar um dia a ser poder, aí não tem essa de lápis e papel. Como a Rainha de Copas, ela ordenará: “Cortem-lhe a cabeça!”

Texto publicado originalmente às 22h31 desta sexta
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