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Cardozo deveria seguir o próprio conselho e dar explicações em vez de acusar conspirações

Ministro da Justiça afirma, em resposta a Eduardo Cunha, que é melhor esclarecer as acusações do que apontar conluios. Uma pergunta: isso não vale também para Dilma Rousseff?

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h42 - Publicado em 18 jan 2016, 03h01

O ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, tem razão quando diz que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, deveria se explicar à opinião pública em vez de inventar teses de conluios. Só não entendo por que a afirmação de Cardozo não vale, também, para Dilma Rousseff. Então vamos combinar o seguinte, senhor ministro: tanto o presidente da Câmara como a digníssima presidente da República deixam de apontar conspirações, encaram os fatos, atêm-se às questões legais e se explicam. A propósito: Cardozo, um dos que adotaram a conversa mole de que impeachment é golpe, deveria provar o remédio que ele próprio recomenda. Vamos contextualizar e botar os pingos nos is.

Em entrevista à Folha, Cunha voltou a afirmar que a Procuradoria-Geral da República age em dobradinha com o Planalto. Também disse estranhar a rapidez com que o ministro da Justiça mandou apurar o vazamento de dados da investigação sobre Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que comprometem o ministro Jaques Wagner (Casa Civil). Afirmou Cunha: “Vaza um documento sobre o Jaques Wagner, e o ministro da Justiça pede para apurar imediatamente. O meu vaza todo dia e ninguém fala nada. São inúmeros procedimentos, posso falar até amanhã”.

Neste domingo, em resposta a Cunha, afirmou o ministro da Justiça: “Seria melhor o presidente da Câmara explicar à opinião pública as acusações que lhe são dirigidas ao invés de se vitimizar, inventando teses de ‘conluios’ que nunca existiram”.

Dilma Rousseff já explicou as suas pedaladas? Quando ela afirma que as acusações contra ela não passam de golpe orquestrado pelos que perderam a eleição, está sendo intelectual, factual, legal e politicamente honesta? Ela sabe que não. Quando o senhor Cardozo repete essa mesma ladainha, não está incorrendo no comportamento que ele próprio censura?

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Quando a presidente Dilma compara as pedaladas fiscais ao cinto de segurança no tempo em que seu uso não era obrigatório, Cardozo sabe que ela está fraudando a verdade, uma vez que os cidadãos, antes de 1994, não eram obrigados a usá-lo porque não havia lei que proibisse que se circulasse sem o dito-cujo. Mas o funcionário público só pode fazer o que a lei autoriza. E não existia nem existe lei permitindo a pedalada ou gastos suplementares sem autorização do Congresso. Na verdade, de maneira agora admitidamente voluntária, Dilma transgrediu a Lei 1.079.

Mas a dobradinha existe?
Mas existe mesmo a dobradinha entre Rodrigo Janot, procurador-geral da República, e o Palácio, muito especialmente José Eduardo Cardozo? Vamos ao que não é especulação.

Não é especulação, mas fato, a interlocução que ambos mantêm, não é mesmo?

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Não é especulação, mas fato, que a investigação sobre Eduardo Cunha, quando comparada às outras, avançou com notável celeridade. Então fiquemos assim: a gente aplaude, nesse caso, a velocidade e lamenta, nos demais, a lentidão — em especial aqueles que dizem respeito a Renan Calheiros (PMDB-AL), que decidiu ser a mão armada no Planalto para todas as horas: na luta contra Cunha, na luta contra Michel Temer, na luta para fazer o Congresso engolir as pedaladas, na luta contra o impeachment…

Não é especulação, mas fato, que Lula, até agora, não é nem sequer investigado, embora vários caminhos da Lava Jato levem a ele. Não sei se caracteriza mesmo uma conspiração, sei que assim são as coisas.

Mas volto ao ponto: que o ministro Cardozo e a presidente da República sigam o conselho que ele dá a Cunha: ofereçam explicações, não teorias conspiratórias.

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