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Boulos e seus vândalos obtêm uma inequívoca vitória política; pior para a democracia

Programa “Minha Casa Minha Vida Entidades” criado por Dilma é um escândalo em si, que fere a Constituição

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h36 - Publicado em 2 jun 2016, 07h19

O governo Temer está sendo vítima da má-fé congênita dos movimentos de esquerda e, obviamente, da própria inexperiência. Por isso, e já fiz esta observação aqui, cumpre botar ordem na casa. Parece-me evidente que falta, lá vem a expressão mágica, uma coordenação política. No dia em que vieram a público números arrasadores sobre a economia, que evidenciam o tamanho do desastre do petismo, a nova gestão, pela via da inabilidade, cede de forma inaceitável a seus adversários. Explico.

Os milicianos do MTST, liderados por Guilherme Boulos, invadiram o escritório da Presidência da República em São Paulo. Era um ato contra uma decisão do ministro Bruno Araújo (Cidades), que, tão logo tomou posse, decidiu revogar uma portaria assinada por Dilma, pouco antes de deixar o palácio, que autoriza a contratação de 11.250 moradias do Minha Casa Minha Vida Entidades.

De fato, note-se, o governo já havia afirmado que pretendia rever o tal decreto para aprimorá-lo. Ocorre que o anúncio oficial da retomada da contratação foi feito precisamente nesta quarta, enquanto o prédio estava invadido — a ação dos milicianos de Boulos só deve ser suspensa nesta quinta.

Antes que prossiga, uma observação: o Minha Casa Minha Vida Entidades nada mais é do que a privatização do bem público em proveito de grupelhos. Em que consiste o programa? Movimentos como o MTST recebem o dinheiro — sim, o dinheiro — para a construção das casas, e eles próprios se encarregam de contratar a mão de obra. Alegam que o custo é menor. Não se tem evidência disso.

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Atenção! Passam a ser candidatos à moradia apenas os militantes do grupo em questão. Assim, o que se tem, na prática, é o poder público financiando a militância política. O senhor Guilherme Boulos passa a ser sócio do poder público.

É um escândalo que o Ministério Público Federal não se interesse por isso. Quando menos, programas assim criam cidadãos de primeira e de segunda classes, não é? Se alguém está disposto a furar a fila da moradia, já sabe o que fazer: entrar no MTST e passar a seguir as orientações de seu guia genial.

Entendo que estamos diante de uma flagrante inconstitucionalidade, já que trata desigualmente os cidadãos. Por que haverá de ter privilégio quem se filia ao movimento?

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Uma aberração como essa não tem ser revista e aprimorada, mas extinta mesmo. Ocorre que é preciso fazer a coisa com a devida prudência. A sociedade tem de ser informada do que está em curso. Quantos brasileiros conhecem exatamente o que é o Minha Casa Minha Vida Entidades? Quantas casas já distribuiu? Quanto o movimento de Boulos recebeu até agora? Quantas unidades construiu?

Tudo isso deveria ter antecedido o anúncio da revogação da portaria. E tudo isso deveria ter antecedido o anúncio da nova portaria. E, por óbvio, uma coisa é certa: um governo não tem de fazer concessão nenhuma enquanto um prédio público está ocupado por vândalos.

Boulos, obviamente, está cantando vitória, ainda que a decisão, de fato, já tivesse sido tomada. Ocorre que, em política, a versão triunfante é bem mais importante do que o fato. Disse ele: “O povo que ocupou o escritório da Presidência, que esteve na casa do [Michel] Temer, mostrou que a organização pode fazer o governo recuar”.

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Sempre que um sujeito como Guilherme Boulos obtém uma vitória política, o que se tem é uma perda correspondente de civilidade. Se ele ganha, o estado de direito perde.

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