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Bastos não inventou a tese do “caixa de campanha”. Ou: Um homem e suas circunstâncias

Cada um de nós é aquilo que se torna. Márcio Thomaz Bastos era, sem dúvida, um grande criminalista e teve atuação importante na fase final da redemocratização do Brasil. Conseguiu, e não fazia pouco tempo, ter alguns dos clientes mais endinheirados da República e, ao mesmo tempo, endossar a metafísica do “socialismo petista”, inclusive quando […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h37 - Publicado em 20 nov 2014, 15h18

Cada um de nós é aquilo que se torna. Márcio Thomaz Bastos era, sem dúvida, um grande criminalista e teve atuação importante na fase final da redemocratização do Brasil. Conseguiu, e não fazia pouco tempo, ter alguns dos clientes mais endinheirados da República e, ao mesmo tempo, endossar a metafísica do “socialismo petista”, inclusive quando o partido estava na oposição, bem distante do poder. Atuou em alguns casos rumorosos, que lhe renderam prestígio entre defensores dos direitos humanos — e não estou sugerindo que não acreditasse nas causas. Atuou, por exemplo, como “amicus curae”, no Supremo, em favor das cotas raciais.

Acontece que Bastos era também muito “amicus” de Lula. E isso marcou a sua trajetória. Os motivos não são assim tão secretos. O PT do poder sempre foi muito distante daquele que militava na oposição, dos tempos em que o advogado integrou, por exemplo, o tal “governo paralelo”, durante a curta gestão Collor. Servir ao petismo, num dado momento, significou ter de dar nó no próprio verbo. E Bastos o fez, com a fidelidade de um bom amigo. Mas é claro que essas coisas têm um preço.

Foi, sim, o advogado que coordenou a defesa dos mensaleiros. Boa parte dos defensores era formada de discípulos ou franco admiradores seus. Mas é um erro atribuir-lhe a tese do “caixa dois de campanha”. Quem a sacou da algibeira foi Arnaldo Malheiros, que defendia Delúbio Soares. Bastos ficou com a fama porque era, afinal… mais famoso!

A tese acabou derrotada no tribunal, mas, de algum modo, triunfou. Vejam o caso do Petrolão, um mensalão muitas vezes multiplicado. Dá-se de barato que tudo aquilo é feito apenas para financiar partidos e para compensar as empreiteiras pelas doações que fazem às campanhas. Tanto a tese mentirosa triunfou que o Supremo já formou uma maioria proibindo a doação de empresas a campanhas.

Os homens vivem as suas circunstâncias. Bastos era inteligente o bastante para saber que sua intimidade com o PT e com Lula diminuía um tanto a dimensão do criminalista. Fez as suas escolhas e pagou por elas. Que descanse em paz. Nós, por aqui, continuaremos, em defesa de alguns valores nos quais ele acreditava; lutando contra algumas causas que ele abraçou. 

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