Baixaria e chantagem, agora no Conselho de Ética. Só que, desta vez, sob o comando de Henrique Eduardo Alves
Os bobalhões podem forçar a mão à vontade, tentando ver no meu texto o que não está escrito. Não estou nem aí. Escrevo para quem sabe ler e para quem quer o que há neles, não o que imaginam haver. Posso discordar do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da primeira à última palavra, e é quase […]
Os bobalhões podem forçar a mão à vontade, tentando ver no meu texto o que não está escrito. Não estou nem aí. Escrevo para quem sabe ler e para quem quer o que há neles, não o que imaginam haver. Posso discordar do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da primeira à última palavra, e é quase assim, mas não vou ceder a esse clima de linchamento que vejo em boa parte da imprensa. E pouco me importa se Caetano Veloso resolveu fazer a trilha sonora ou se Wagner Moura resolver decretar: “Pede pra sair!” Artistas e celebridades têm todo o direito de ter opinião política. Só não se deve inferir que seja mais qualificada do que a de outros. Mas essa é só uma introdução para um troço escandaloso, também ele inédito.
Evandro Éboli narra uma história estarrecedora no Globo Online. Um deputado, vocês verão, decidiu concorrer como candidato avulso à Presidência do Conselho de Ética — sim, do CONSELHO DE ÉTICA. Só que o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (aquele que quer a cabeça de Feliciano), alegou que isso feria um acordo já feito com outro deputado. E aí mobilizou o líder do PMDB na Casa, Eduardo Cunha (RJ), um dos investigados pelo STF, para tentar barrar a candidatura alternativa.
Acredite, O CONSELHO DE ÉTICA PASSOU A SER PALCO DE CHANTAGEM! Escrevo de novo: nada menos do que o CONSELHO DE ÉTICA assistiu a um espetáculo de falta de ética! Infelizmente, no comando da pantomima, estava o neoprogressista Henrique Eduardo Alves, presidente da Casa. Agora que ele quer a cabeça de Feliciano — para delírio da galera, inclusive a jornalística! —, então tudo lhe é permitido.
Caetano e Wagner Moura poderiam se dedicar ao estudo de como são formadas as comissões e a que tipo de acordo obedecem. Mas é provável que não o façam porque, na hipótese de haver neles um lado que pondera, haveria também a diminuição de seu ímpeto militante. Leiam trecho de reportagem do Globo Online.
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O Conselho de Ética da Câmara virou, na tarde desta terça-feira, espaço público de manobra política, de chantagens e ameaças. A sessão estava marcada para eleger o novo presidente do colegiado, para os próximos dois anos, mas nem terminou. O acordo entre o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o PDT para eleger o novato e desconhecido deputado Marcos Rogério (PDT-RO) presidente do conselho não vingou. Tudo porque o deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP) lançou sua candidatura avulsa e era o favorito na disputa, que foi adiada para terça-feira da semana que vem.
Henrique Alves interveio diretamente no andamento dos trabalhos. Com a reunião do conselho já iniciada, ele ligou para o presidente do órgão, José Carlos Araújo (PSD-BA), que suspendeu a sessão momentaneamente e atendeu o telefone da cadeira onde presidia a sessão. “Um momento. É uma ligação da presidência”,disse Araújo. Alves tentava dissuadir o presidente a continuar a sessão. Depois da ligação, Araújo fez um apelo a Izar para renunciar à sua candidatura. ”Não retiro. Mantenho”, respondeu Izar.
O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), foi até o conselho e tentou de todas as maneiras dissuadir Izar Júnior a renunciar sua candidatura alegando que havia um acordo político entre os partidos e que deveria ser mantido. Cunha fez ameaças diretas ao PSD e disse que, se Izar fosse eleito, o partido iria ser prejudicado na votação do projeto que cria cargos para a legenda e também perderia a corregedoria da Câmara.
Para corregedor já foi escolhido até o deputado Átila Lins (PSD-AM), mas sua indicação está ameaçada. Os cargos do PSD e a criação da corregedoria independente da Mesa precisam ser votados no plenário. Eduardo cunha disse ainda que “nos colegiados da Câmara não tem essa história de eleição solta e livre e que tudo é fruto de acordo político”.
“Vim aqui não só para fazer um apelo, mas um chamamento político. É preciso respeitar a força dos acordos políticos. Não existe isso de que é solto (a escolha), de que é livre. Os acordos estão interligados. Não existe processo político pela metade. Se faz de um lado e de outro. Não aceito acordo descumprido na minha cara”, disse Eduardo Cunha, que ameaçou. “Se o acordo não for cumprido, não permitirei que se vote mais nada. Nem a corregedoria nem os cargos do PSD”, afirmou o líder do PMDB.
Vários deputados reagiram na sequência. “O que que é isso?! Não podemos ter medo de disputa. Essa é uma visão autoritária. Tem os que mandam e os que obedecem?! Não é assim não. Cadê a ética? Essa não é uma comissão qualquer”, reagiu Antônio Roberto (PV-MG).
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Eduardo Cunha disse que havia um acordo de lideranças para garantir a eleição de Marcos Rogério. O entendimento teria sido apenas entre Eduardo Alves e o PDT. César Colnago (PSDB-ES) afirmou que os tucanos não participaram de acordo algum. “Acabei de consultar meu partido. Não há acordo algum conosco”, disse Colnago.
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