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As palavras e as coisas: Alckmin e Aloysio reconhecem que PSDB está desunido de novo e dizem que Aécio tem a tarefa de construir a unidade

É importante atentar para as coisas e atentar para as palavras que a designam — ou se perde o pé da realidade. A seção paulista do PSDB realizou ontem uma pajelança para consolidar o nome do senador Aécio Neves (MG) como presidente do partido e como candidato à Presidência da República. Duas falas têm de […]

Por Reinaldo Azevedo
Atualizado em 31 jul 2020, 06h36 - Publicado em 26 mar 2013, 07h43

É importante atentar para as coisas e atentar para as palavras que a designam — ou se perde o pé da realidade. A seção paulista do PSDB realizou ontem uma pajelança para consolidar o nome do senador Aécio Neves (MG) como presidente do partido e como candidato à Presidência da República. Duas falas têm de ser ouvidas com atenção:

“O que eu sinto no PSDB é que você, Aécio, assuma a presidência do PSDB, percorra o Brasil, ouça o povo brasileiro, fale com o povo e una o partido”, afirmou o governador Geraldo Alckmin. Também falou com entusiasmo um político que costuma estar alinhado com José Serra: “Meu querido Aécio, o nosso partido está com os olhos voltados para você. Você tem habilidade, talento, liderança e prestígio. Cabe a você trabalhar agora para que cheguemos em maio com o partido unido”. O autor dessas palavras é o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP).

Sou um fanático pelo sentido das palavras. Entendo que só se une o que está desunido. Ainda que os dois políticos tenham demonstrado, então, estar engajados nas duas candidaturas de Aécio, reconhecem que, no momento, não há “união”. Ela precisa, portanto, ser construída, e essa será uma das tarefas do senador mineiro à frente da legenda e como candidato à Presidência da República.

É evidente que importantes setores do PSDB foram alijados das últimas decisões. E não só de São Paulo. Perguntem, por exemplo, ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), de inquestionáveis credenciais oposicionistas, líder até outro dia do partido no Senado, se ele se sente prestigiado pela nova ordem que vai se consolidando. Como diria o ministro Marco Aurélio, do Supremo, “a resposta é desenganadamente negativa”. Restringir as dificuldades a José Serra, como se pretende aqui e ali, é, quando menos, uma imprecisão.

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Falemos, então, de união. Há mais de um ano escrevi aqui que o PSDB poderia apresentar uma novidade nas eleições de 2014, cotejando-as com as havidas em 2002, 2006 e 2010:  unidade. Duas vezes com Serra e uma com Alckmin, o partido estava, na prática, rachado. Apoio formal de palanque não quer dizer muita coisa. Não dá para afirmar que a desunião tenha conduzido à derrota. Mas ela foi uma marca importante. Isso cria dificuldades as mais variadas: dificulta a formação de palanques, compromete a arrecadação de recursos para a campanha, cria obstáculos para conquistar aliados.

Se o partido, como reconheceram alguns de seus principais líderes, não está unido, então é preciso mudar isso. E aí entra o sambinha de Noel: “Com que roupa?”. O que significa, na prática, conquistar essa unidade. Aécio e Serra estiveram juntos há poucos dias. Parece que combinaram não combinar coisa nenhuma. Enquanto conversavam, uma página inteira do Estadão estava sendo redigida com “recados” da ala mineira do PSDB a Serra. Não parece ser esse um bom procedimento.

Apoios são construídos. “Ah, Serra é um nome importante para o partido!”, afirmam alguns tucanos. É? Mas para fazer exatamente o quê? Como é que se evidencia essa importância? Não estou falando de escambo, mas de política. Isso é lá com eles.

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Sinceramente tenho minhas dúvidas se é mesmo uma boa para Aécio a presidência do PSDB. Como principal burocrata do partido, estará encarregado de negociar também palanques regionais. Só três legendas fazem oposição à presidente Dilma: o próprio PSDB, o PPS e o DEM (também há o PSOL, pelo caminho da esquerda). As demais estão na base aliada, com diferentes graus de participação no governo. Aécio terá de passar pelo constrangimento, nos estados, de negociar palanques regionais com forças que não estarão com ele na disputa presidencial. E isso acontece com mais frequência do que parece.

O PMDB apoiou Alckmin em 2010 para o Palácio dos Bandeirantes, mas tinha o vice da chapa encabeçada pela petista Dilma na disputa presidencial. Ainda que venha a ter um operoso secretário-geral, a tarefa é espinhosa. FHC venceu duas eleições presidenciais sem presidir o partido; Lula, outras duas, e Dilma, uma. Esse negócio de que liderar a legenda é fundamental para disputar o governo é coisa de regime parlamentarista. Não há, digamos assim, saber acumulado a respeito. É uma novidade. Se o PSDB eventualmente forçar a mão nos estados, criando embaraços para alianças regionais que não estejam engajadas também no projeto federal, pode-se ter um desastre completo.

Mas isso já é coisa vencida, passada. Caberá a Aécio, como presidente da legenda e seu presidenciável, a tarefa de construir a tal “unidade”. Não será uma tarefa fácil. O caminho da desunião ele conhece bem e sabe aonde vai dar.

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