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AS GRAVAÇÕES DE JUCÁ 1 – Ministro sugere o impossível ainda antes do impeachment: controle da Lava-Jato

Em conversa gravada com Sérgio Marchado, um dos investigados, peemedebista dá a entender que governo Temer teria como controlar operação

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h40 - Publicado em 23 Maio 2016, 08h11

A segunda-feira começa azeda para o presidente Michel Temer. Lá está ele com um pepinaço na mão. Gravações que vieram a público criam um belo constrangimento a Romero Jucá, ministro do Planejamento e um dos homens fortes do governo. De verdade, o que vem à luz é mera conversa mole, mera bravata. Mas vai causar um bom rebuliço. Por quê?

Reportagem da Folha traz trechos de conversa entre Jucá e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que é investigado no petrolão. Num dado momento, sugerindo que a resposta para a Lava Jato é política, diz Jucá: “Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”.

E Machado emenda mais adiante:
“Eu acho o seguinte, a saída [para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais.”

Então vamos ver
Venham cá, amiguinhos! Vocês acham que, a esta altura do campeonato, dá para deter a Lava-Jato, para controlá-la, para botá-la sob uma gerência? Acredito que, se fosse possível, o governo anterior teria encontrado os meios, não é mesmo?

Mais: para que se realizasse tal intento, seria preciso combinar com os russos. Teriam de participar da conspiração os procuradores de Curitiba, Rodrigo Janot, o juiz Sergio Moro e toda a fatia da Polícia Federal envolvida na investigação. Até o Lula teria de conspirar com toda essa turma. Sabe-se que isso não vai acontecer.

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Assim, de saída, que fique claro: NINGUÉM CONTROLA A LAVA-JATO. Quem disser que pode fazê-lo está contando uma lorota. No que concerne ao governo Michel Temer, a decisão essencial já foi tomada. E em favor da independência da operação: o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) convidou Leandro Daiello, diretor-geral da Polícia Federal, a continuar no cargo. Quem queria substituí-lo era Eugênio Aragão, último ministro da Justiça de Dilma.

Quem ler os diálogos vai perceber que há certo tom de ameaça na fala de Machado. Ele sugere que, se cair, pode levar um monte de gente junto. É bem provável que Jucá estivesse falando apenas para acalmá-lo.

Acontece que, em política, a versão do fato é mais importante do que o próprio. Do ponto de vista, digamos, penal, a fala de Jucá e Machado é irrelevante. Do ponto de vista político, é grave, sim. E Jucá faria um bem a Temer se deixasse o governo. Embora, com efeito, ele nada possa contra a operação.

Lula já prometeu
Não custa lembrar que o próprio Lula, na conversa que manteve com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, divulgada pelo juiz Sergio Moro, afirma o seguinte sobre os procuradores da Lava Jato:
“Eu acho que eu sou a chance que esse país tem de brigar com eles pra tentar colocá-los no seu devido lugar. Ou seja, nós criamos instituições sérias, mas tem que ter limites, tem que ter regras.”

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Ou por outra: Lula queria ser ministro para controlar a operação, para pôr a turma “no seu devido lugar”. Também ele achava que podia. Jucá acena para Machado com a mesma possibilidade. Era bravata de Lula. É bravata de Jucá. Mas e daí?

Dilma não caiu só por causa das pedaladas. Dilma não caiu só por causa do petrolão. Dilma não caiu só por causa do desemprego. Dilma não caiu só por causa da recessão. Dilma não caiu só por causa dos juros altos. Dilma não caiu só por causa da inflação. Dilma não caiu só por causa de sua incapacidade de entender os problemas brasileiros.

Dilma caiu pela conjugação de todos esses fatores. Mas é evidente que o endosso da esmagadora maioria da população à Lava Jato e a indignação com a roubalheira ocuparam papel central.

É forçoso que o presidente fale a respeito, ou pessoalmente ou ou por intermédio de porta-voz ou nota. Em seu lugar, convidaria para ladear-me num pronunciamento oficial o procurador-geral da República e o diretor-geral da Polícia Federal. E deixaria claro uma vez mais ao país: “Estes homens estão no topo das investigações e sabem que não movi nem moverei uma palha para obstruí-la”.

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Tem de fazer isso nesta segunda.

Texto publicado originalmente às 4h20
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