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As declarações infelizes e erradas de tucanos sobre o impeachment

Ai, ai, vamos lá. Em 2005, logo depois de Duda Mendonça ter confessado na CPI que o PT depositou o que lhe devia numa conta no exterior — e na vigência do mandato de Lula —, houve quem dissesse no próprio PT que um processo de impeachment seria inevitável. Um ministraço do então presidente chegou […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h56 - Publicado em 10 mar 2015, 04h15

Ai, ai, vamos lá.

Em 2005, logo depois de Duda Mendonça ter confessado na CPI que o PT depositou o que lhe devia numa conta no exterior — e na vigência do mandato de Lula —, houve quem dissesse no próprio PT que um processo de impeachment seria inevitável. Um ministraço do então presidente chegou a sugerir que ele fosse a público para declarar que não se candidataria à reeleição no ano seguinte para tentar salvar o mandato.

Atribui-se a FHC, e ele nega que isso tenha acontecido, a tese do “deixar Lula sangrar no cargo” em vez de apoiar um processo de impedimento. Seria menos traumático para o país. Como o ex-presidente era, sim, contra o impeachment e segue defendendo aquela opinião até hoje, suponho que a tese do “sangramento” não seja mesmo sua. Mas foi, sim, adotada pelo PSDB. Deu no que deu. Lula foi reeleito. Elegeu sua sucessora, que se reelegeu.

Pois bem… Essa expressão infeliz voltou a ser ouvida nesta segunda num evento no Instituto FHC. Aloysio Nunes Ferreira, senador por São Paulo e vice na chapa de Aécio Neves, afirmou apoiar as manifestações de protesto marcadas para o dia 15, disse que são legítimas, mas ponderou: “Não quero que ela saia. Quero sangrar a Dilma. Não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer”.

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Aloysio exerce com muita dignidade e correção o seu mandato, mas a fala é, de vários modos, infeliz. A um senador cabe defender o cumprimento da lei. Se ele acha que não há motivo legal para Dilma ser impedida, que diga. Juristas respeitáveis acham a mesma coisa, embora eu discorde. Defender o “sangramento” como estratégia quer dizer o quê? Ele acha que o custo da saída é maior do que o da permanência? Ele acha que, desse modo, os tucanos podem chegar com mais facilidade ao poder? Qual é a tese? Esse último cálculo já brinda o país com o quarto mandato consecutivo do PT.

Segundo o jornal Valor Econômico, “o senador também previu um quadro de crise política sem perspectivas de saída dada a falta de capacidade da presidente em liderar esse processo. Segundo ele, Dilma está desvinculada da realidade nacional”. Quanto tempo o senador Aloysio calcula que pode durar, então, essa sangria?

FHC também se disse contrário ao impeachment: “Não adianta nada tirar a presidente”. De fato, “não adianta nada” se os métodos continuarem os mesmos. Mas o que me pergunto é se a tarefa dos tucanos, num momento como o que vivemos, é essa. E a resposta é “não”.

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Em primeiro lugar, de FHC, Aloysio e de quaisquer outros defensores de um regime democrático, o que eu espero é que defendam o cumprimento da lei. Se ficar caracterizado que a presidente cometeu crime de responsabilidade, “sangrar no cargo” deixa de ser matéria de gosto, de escolha ou de estratégia política. Se a voragem não colher Michel Temer, ele será o presidente da República — e também não há “querer” quanto a isso.

Em segundo lugar, é escancaradamente evidente que os tucanos, de fato, nada têm a ver com os protestos do dia 15. Declarações como essas parecem adotar a tese mentirosa do PT de que o debate sobre o impeachment tem um viés golpista. E, obviamente, não tem. Golpe é fazer de conta que a lei não existe.

Em terceiro lugar, declarações assim parecem fazer pouco caso, embora não creio que tenha sido a intenção, da insatisfação de milhões de brasileiros. Se os tucanos defenderem o cumprimento da Constituição e das leis, estarão fazendo a coisa certa.

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