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ANTISSEMITISMO NA UFSM – SBPC publica carta de repúdio à ação da Reitoria e exige pedido de desculpas; até agora, comando da universidade nem mesmo pediu desculpas

Paulo Afonso Burmann, reitor da Universidade Federal de Santa Maria; Paulo Bayard Dias Gonçalves, vice-reitor, e José Fernando Schlosser, pró-reitor de pós-graduação da instituição, bem que tentaram se escudar na Lei de Acesso à Informação para justificar um absurdo: fornecer dados a um grupo de entidades sindicais e ao Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h12 - Publicado em 9 jun 2015, 04h33

Paulo Afonso Burmann, reitor da Universidade Federal de Santa Maria; Paulo Bayard Dias Gonçalves, vice-reitor, e José Fernando Schlosser, pró-reitor de pós-graduação da instituição, bem que tentaram se escudar na Lei de Acesso à Informação para justificar um absurdo: fornecer dados a um grupo de entidades sindicais e ao Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino sobre a existência de alunos e professores israelenses no programa de pós-graduação. Lembre-se sempre de que o requerimento enviado à reitoria tratava Israel como um estado criminoso e mal disfarçava a intenção de associar tais alunos e professores a uma política que condenavam.

Flagrados e denunciados, todos tentaram se escudar na lei, que não se presta a tal serviço. Agora, quem publica um manifesto de repúdio é a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Leiam o texto.

São Paulo, 8 de junho de 2015.
Exmo. Sr.
Prof. Dr.  Paulo Afonso Burmann
Magnífico Reitor
Universidade Federal de Santa Maria

Senhor Reitor,

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência que representa mais de 130 sociedades científicas de todas as áreas do conhecimento e mais de 10 mil sócios ativos, foi tomada de surpresa com o documento encaminhado pelo Prof. Dr. José Fernando Schlosser, Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a todos os Programas de Pós-Graduação da UFSM, no dia 15 de maio do corrente ano, sobre o assunto: “levantamento de informações”, no qual lê-se:

“Vimos solicitar a V. Sa., o envio urgente de informações sobre a presença ou perspectiva de discentes e/ou docentes israelenses nesse Programa de Pós-Graduação, podendo ser informado por e-mail.

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Esta demanda atende solicitação de requerimento de representantes da SEDUFS, ASSUFSM, DCE e Comitê Santamarinense de solidariedade ao povo palestino.”

Lembramos a V. Mag. que o Brasil é um país onde todos os povos com suas diferentes crenças convivem em harmonia. Essa solicitação, encaminhada pela universidade da qual o senhor é o representante maior, traz indignação a todos nós da comunidade acadêmica do país. Entendemos que a vida acadêmica do país deva ser referência na promoção de tolerância e respeito à diversidade, combatendo toda e qualquer forma de discriminação.

Vivemos hoje o Estado de direito, com uma democracia conquistada por muitas lutas, com a participação de todos os brasileiros de diferentes origens, incluindo cientistas, professores e estudantes, que lutaram e seguem na construção de um país mais tolerante e menos excludente.

Também gostaríamos de lembrar ao senhor a grande parceria que se deu em nosso país pela redemocratização, quando estiveram lado a lado, o arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e o Rabino Henry Isaac Sobel, entre outros líderes de outras religiões, para coibir as violências do regime ditatorial militar. Esse é o país que desejamos e não o que, infelizmente, a nosso ver, se expressa em vossa universidade. 

Ao mesmo tempo, reconhecemos a necessidade de solidarizarmo-nos aos diferentes povos que enfrentam conflitos e lutas, muitas das quais resultantes de recrudescimento nacionalista, intolerância religiosa, política e territorial, protecionismo econômico etc, como acontece entre diferentes povos e etnias, tais como nigerianos, sunitas, chiitas, sírios, palestinos, israelenses, cubanos, ucranianos, venezuelanos, entre muitos outros, porém sem que isso acarrete a discriminação de um outro povo. Entendemos a importância de discutir os conflitos, mas sem que isso se expresse em uma conduta de ameaça e perseguição a um grupo de pessoas por seu credo ou origem étnico-racial. A Academia deve ser porta voz do pensamento livre e de discussões sobre como, juntos, podemos transformar o mundo em que vivemos em um de respeito, tolerância e integridade e não da repercussão e incentivo a intolerâncias que, infelizmente, ainda seguem presentes.

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Dessa forma, a comunidade acadêmica, docentes e estudantes, exigem um pedido de desculpas público, garantindo que nossos espaços universitários sejam locus de diversidade e valorização da mesma.

Lembramos ainda que nos colocaremos firmemente contrários a toda e qualquer forma de discriminação de qualquer ordem e seguiremos na construção de um país mais equânime em todos os sentidos.

Esta carta está sendo copiada para o Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação, Prof. Dr. Renato Ribeiro Janine e para o Exmo. Sr. Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, responsáveis pela educação superior no nosso país para que tomem conhecimento e coíbam atitudes semelhantes, preservando a história e o desejo do país que queremos alcançar.
Helena Nader
Presidente da SBPC

Encerro
Bem, parece que a desculpa esfarrapada dos doutores, definitivamente, não colou. Lembro que, até agora, eles não se desculparam com a comunidade judaica ou com o povo israelense.

Nota – O texto da SBPC grafa “chiita”, em vez de “xiita”. As duas grafias são admissíveis, embora “xiita” seja a preferencial.

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