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Ainda Lamarca: quanto custa um terrorista e quanto custa um inocente

Do G1. Volto depois: O soldado Mário Kozel Filho, então com 18 anos, cumpria o serviço militar obrigatório quando foi morto em 1968, num atentado assumido pelo grupo do guerrilheiro Carlos Lamarca, ex-capitão que fez oposição armada ao regime militar e foi morto por tropas do Exército em setembro de 1971. Na quarta-feira (13), a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h23 - Publicado em 15 jun 2007, 21h31
Do G1. Volto depois:

O soldado Mário Kozel Filho, então com 18 anos, cumpria o serviço militar obrigatório quando foi morto em 1968, num atentado assumido pelo grupo do guerrilheiro Carlos Lamarca, ex-capitão que fez oposição armada ao regime militar e foi morto por tropas do Exército em setembro de 1971.

Na quarta-feira (13), a família de Carlos Lamarca, que recebe auxílio do governo há mais de dez anos, foi contemplada com uma pensão mensal mais elevada, de cerca de R$ 12 mil, equivalente ao salário de um general. Lamarca foi reconhecido como anistiado político. Além disso, a viúva e os dois filhos receberão indenização de R$ 100 mil cada um, paga em parcela única – total de R$ 300 mil. A comissão entendeu que eles tiveram que sair do Brasil por causa da atuação de Lamarca contra o regime militar.

Enquanto isso, os pais do soldado Mário Kozel Filho descobriram há pouco que também têm direito a receber pensão mensal por conta da morte do filho desde 2003. O valor, porém, é mais modesto: pouco mais de R$ 1 mil. O casal tem direito às pensões retroativas, mas ainda não sabe o valor exato que tem a receber. Eles precisam procurar o INSS para requerer a pensão, o que será feito “em breve”, segundo o pai, Mário Kozel.

“Vamos atrás em breve. Já tínhamos tentado (desde o atentato), mas não obtivemos resposta nenhuma. Ficamos satisfeitos (de saber da pensão) porque se os outros têm direito, porque não temos?”, indagou o pai, ressaltando que “tudo aconteceu porque tinha de acontecer”.

Segundo Mário Kozel, o filho não prestava serviços no quartel general onde foi morto, no bairro do Ibirapuera, em São Paulo. “Ele era do quartel de Quitaúna e foram levados para o Ibirapuera porque estavam suspeitando de algo”, relembra o pai. Kozel Filho estava na guarita do QG quando um carro com dinamite atingiu o local.

Mário Kozel disse que ele e a esposa vivem apenas com a renda de sua aposentadoria, e ainda não sabem o que farão com o dinheiro que podem receber em razão das pensões atrasadas. “Sei que nada vale a morte do meu filho. Por mais que seja calculada uma indenização, não adiantará. Mas não sabemos o que faremos com o dinheiro.”

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Voltei
Então. É isso aí. Lamarca, um desertor e assassino, recebe uma promoção depois de morto, e a pensão à viúva corresponde ao soldo de general. Kozel, que não matou ninguém, vai custar, no máximo, milzinho por mês. O que há de diferente entre eles? É simples de explicar.

Kozel estava do lado que ganhou a luta — embora, que se note, ele não fosse militante de coisa nenhuma. Apenas cumpria a sua função. E Lamarca estava do lado que perdeu. Só que, do ponto de vista da história contada pela hegemonia cultural esquerdista, os vitoriosos perderam, e os derrotados venceram. E o terrorista Lamarca, enobrecido com a condição de “guerrilheiro”, transformou-se num mártir.

O que é um terrorista? É gente que, em nome de uma causa e sem que integre um exército regular, numa guerra oficialmente declarada, mata inocentes. Como Kozel.

Revolta
O Estadão deste sábado trará uma reportagem sobre o inconformismo dos militares. Leia um trecho, por Moacir Assunção:

O caso da indenização e promoção do capitão Carlos Lamarca pela Comissão de Anistia do governo federal tem provocado revolta nos militares. Em entrevista ao Estado na edição deste sábado, 16, o brigadeiro reformado e ex-presidente do Supremo Tribunal Militar (STM) Sérgio Ferolla é radicalmente contra a concessão da indenização.

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Em sua visão, trata-se de uma distorção grave do princípio que norteou a criação da Comissão de Anistia, de reparar danos sofridos por vítimas do regime militar. “Lamarca foi um traidor e não um inimigo do regime, que o enfrentou e, por isso, sofreu represálias, como um político comum. Ele cometeu crimes militares hediondos como desertar, roubar armamento e matar um oficial da PM a sangue-frio. Se fosse processado pelo STM, seria condenado.”, diz.

“Traidor, desertor, assaltante e assassino.” Foi nesses termos que o general Nilton Cerqueira se referiu a Carlos Lamarca na última quinta-feira, em conversa com o Estado, após a decisão. “Eu não sou traidor da Pátria, tenho minha vivência no Exército, que é muito maior do que esse traidor, desertor, assaltante e assassino”, disse. Cerqueira, na época major, comandou a operação que matou Lamarca, em 1971.

Favorável à medida, o advogado Ariel de Castro Alves afirma, também no Estado deste sábado, que Lamarca – que retirou 62 fuzis FAL e munição de um quartel do Exército para combater a ditadura – é “um ícone da resistência armada ao regime militar”. Para o advogado, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, a determinação foi justa. “A família e o próprio capitão têm todo o direito de receber a reparação econômica. Lamarca foi uma vítima da ditadura e morreu combatendo o regime de exceção”.

Reação até modesta
A reação dos militares é até modesta. Para eles, qualquer outra questão é irrelevante: o que importa é a deserção, o que sempre humilha uma Força Militar. Doutor Ariel de Castro Alves não está fazendo história, mas proselitismo ideológico. Dá a entender que, não fosse a ditadura, Lamarca seria outro. Conversa mole.

Ele não era um homem que “morreu combatendo o regime de exceção”. Ele morreu combatendo em favor da implantação de uma ditadura comunista no Brasil.

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