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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Ação criminosa dos black blocs do MPL e decisão equivocada da PM resultam na depredação impune de cinco bancos, duas lojas de automóveis e de um carro da imprensa

Pode tudo parecer uma piada, mas é verdade. O Movimento Passe Livre, o MPL, notório por ter dado início, em São Paulo, à onda baderneira que se espalhou pelo país, marcou uma manifestação para esta quinta na cidade para comemorar o aniversário de um ano da redução de tarifa de ônibus e metrô — os […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h38 - Publicado em 20 jun 2014, 08h27

Pode tudo parecer uma piada, mas é verdade. O Movimento Passe Livre, o MPL, notório por ter dado início, em São Paulo, à onda baderneira que se espalhou pelo país, marcou uma manifestação para esta quinta na cidade para comemorar o aniversário de um ano da redução de tarifa de ônibus e metrô — os vinte centavos, lembram-se? Saldo do evento: cinco agências bancárias, duas lojas de carros de luxo e um veículo da imprensa depredados. Obra dos tais black blocs. O que vai acontecer com eles? Nada! Desta vez, dois equívocos se estreitaram num abraço insano: o da Polícia Militar e, para não variar, o da imprensa. Antes, vejam este vídeo. Volto em seguida.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Xi7JiHKUSco%5D

Voltei
Começo pelo erro que diz respeito à “catchiguria” a que pertenço. Em quase toda parte, desinformam-se os leitores, os internautas, os ouvintes e os telespectadores com a cascata inverídica, intelectualmente vigarista, jornalisticamente falsa, politicamente dolosa, segundo a qual os “black blocs” se infiltraram na manifestação ou dela se aproveitaram. É uma mentira escandalosa! Sejam os “black blocs” um grupo, uma tática ou apenas uma prática, o fato é que não existe distinção entre eles e o MPL.

Em julho do ano passado, quando a primeira manifestação do movimento completou um mês, publiquei aqui uma cronologia dos eventos. Demonstrei, por A mais B, que os três primeiros protestos pela gratuidade da passagem, nos dias 6 e 7 e 11 de junho de 2013, já tinham sido notavelmente violentos, com coquetéis molotov, depredações e um policial quase linchado. Aí veio o grande confronto com a PM no dia 13 de junho, e o país entrou em transe. Delinquentes foram transformados em heróis da resistência.

Assim, desde a primeira hora, a violência é parte da ação desses coxinhas extremistas e desocupados, que inventaram o socialismo da catraca, embora a maioria nunca tenha andado de ônibus na vida.

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O outro erro brutal desta quinta foi da Polícia Militar, sem sombra de dúvida — e acho que as explicações dadas até agora são amplamente insuficientes. Em entrevista coletiva, o coronel Leonardo Torres Ribeiro disse que havia 500 homens acompanhando a manifestação — que reuniu 1.300 pessoas (2,68 pessoas por policial!) —, mas que o faziam a distância, respeitando um acordo com o MPL, que havia enviado um ofício ao Comando se responsabilizando pela segurança do protesto, pedindo que não houvesse ação policial. E deu no que deu.

Como? Acordo com o Passe Livre, um movimento que nem tem existência jurídica? Que tipo de entendimento é possível com gente que jamais censurou a ação dos ditos “black blocs”? Ao contrário: sempre que lhes foi dada a oportunidade, os integrantes do MPL falaram genericamente de certo “direito à manifestação” e preferiram atacar a própria polícia.

Não foi diferente desta vez. Um dos porta-vozes da turma, o sr. Lucas Monteiro, de 29 anos — não é, assim, um desses adolescentes rebeldes de manual —, confirmou o pedido, mas diz que o MPL não se responsabiliza por nada. Cinicamente, afirmou que a “depredação não aconteceu durante o protesto e que não cabe ao MPL explicar o motivo”.

Aconteceu em São Paulo rigorosamente aquilo a que se assistiu no Rio durante a greve dos professores. Lá e cá, os mascarados participam da passeata. Tão logo se dá o ato por encerrado, começa a pancadaria. Na capital fluminense, a coisa era tão acintosa que se anunciava no microfone: “Ó, o protesto já acabou, hein?” Era a senha. Começava o quebra-quebra. Mas a nossa imprensa, que não quer ficar de mal com o “espírito das ruas” nem ser malhada nas redes sociais, fica com medinho e mente para o seu público, sustentando que a manifestação era pacífica, mas que acabou sendo infiltrada por vândalos. Talvez acredite que, enganando a si mesma, engana os fatos e muda a verdade.

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É claro que os responsáveis pelo quebra-quebra são os dirigentes do MPL, mas quem responde pela demora na repressão aos atos de vandalismo é, infelizmente, a Polícia Militar mesmo. Ou será que o movimento tem uma ficha recomendável para que se celebre com ele um acordo?

Esta imagem, de um policial ferido no dia 11 de junho de 2013, prova que não.

Policial ferido 3

“Pô, Reinaldo, você costuma elogiar a PM…” É verdade. Quando merece. De resto, elogio a polícia que não faz acordos com o MPL, não a que faz. Com criminosos, não se negocia.

Texto publicado originalmente às 5h12
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