Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

A vulgaridade teológica do papa Francisco é pavorosa! Ou: Três Ave, Marias” e um tapa no traseiro

Quo usque tandem abutere, Francisce, patientia nostra? Até quando abusarás, Francisco, da nossa paciência? Sim, eu estou me referindo ao papa Francisco. Sou católico, o que, é evidente, não me dá licença especial para criticar o papa, mas não resisto a pegar uma carona em Cícero para expressar meu desagrado. O que ele fez desta […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h10 - Publicado em 6 fev 2015, 06h21

Quo usque tandem abutere, Francisce, patientia nostra? Até quando abusarás, Francisco, da nossa paciência? Sim, eu estou me referindo ao papa Francisco. Sou católico, o que, é evidente, não me dá licença especial para criticar o papa, mas não resisto a pegar uma carona em Cícero para expressar meu desagrado. O que ele fez desta vez? Numa audiência semanal em que tratou de assuntos relativos à família, saiu-se com esta:
“Uma vez, ouvi um pai num encontro com casais que disse: ‘Às vezes, tenho de bater nos meus filhos, mas nunca no rosto para não humilhá-los’. Que lindo! Ele conhece o senso de dignidade. Tem de puni-los, mas o faz de modo justo e dá o assunto por encerrado”.

Não dá! “Est modus in rebus”, escreveu o grande Horácio. Há um limite nas coisas. Eu me opus severamente a uma tolice autoritária chamada “Lei da Palmada”. Fiz picadinho do texto num post publicado aqui no dia 5 de junho do ano passado.

O primeiro problema da lei é sua imprecisão. Pune-se, por exemplo, qualquer tratamento que “ridicularize ou humilhe” a criança e o adolescente, sem que se diga o que são uma coisa e outra. Mais: há uma evidente interferência no Estado em assunto de família. De resto, o Estatuto da Criança e do Adolescente já assegura direitos dessas duas categorias contra a violência familiar. E, por último, embora eu jamais tenha recorrido a tal expediente com as minhas filhas, um tapa na bunda não ameaça, digamos, os direitos humanos.

Mas eu meu pergunto: cabe ao papa tratar dessas miudezas? Cabe ao papa abordar um assunto sem dúvida delicado com essa ligeireza? Cabe ao papa ficar pensando alto, assim como quem suspira?

Continua após a publicidade

A cada vez que Francisco fala, sinto uma saudade imensa de Bento 16. Esse papa já concedeu uma entrevista ambígua sobre aborto. Foi vago e impreciso sobre homossexualidade. Falou uma tolice gigantesca ao comentar o atentado contra o jornal francês “Charlie Hebdo”, dizendo que ele daria um soco em quem xingasse a sua mãe. Dia desses, afirmou que os católicos não precisavam se reproduzir como coelhos… Em todas as ocasiões, o Vaticano teve de vir a público para tentar explicar o que ele quis dizer.

Não dá! Com a devida vênia, isso não é conversa para papa, mas para cura de aldeia, para padre de paróquia — sem nenhum desdouro a ambos. Nesses ambientes, sim, um líder religioso pode descer a minudências.

Cristo, é certo, falava por parábolas, recorria a exemplos, tornava viva a palavra de Deus, buscando correspondência no cotidiano dos homens. Mas voltem aos Evangelhos. Tais parábolas, como é próprio da linguagem religiosa, são de tal sorte abertas que todos nós, com as nossas respectivas histórias, nelas nos reconhecemos. Releiam a fala de Francisco: ele transforma uma história tola num fundamento moral.

Continua após a publicidade

Mais: um papa fala pelo Trono de Pedro, santo Deus! O cristianismo católico é a única denominação religiosa no mundo que tem “o” hierarca. É bem verdade que o superior geral da Ordem dos Jesuítas — e Francisco é um jesuíta — tem tal poder  sobre seus comandados que é chamado “Papa Negro”, numa alusão à batina preta. Também ele exerce cargo vitalício. O atual superior geral é o padre espanhol Adolfo Nicolás.

Ao falar em nome da Igreja e se entregar a essas ligeirezas, fica a suspeita de que Francisco endossa castigos físicos, dede que moderados. Não é esse o seu papel. Desde os primeiros dias, noto no papa certa vocação midiática bem distinta daquela que exibia um João Paulo II. Aquele reforçava o papel de liderança moral da Igreja e reforçava seu apelo espiritual, místico.

Francisco tem se mostrado de uma vulgaridade teológica pavorosa. Talvez seja um tiozão legal para o “churras” de domingo. Mas é fraco para chefiar a Igreja. Espero que o “Papa Negro” chame o “Papa Branco” para lhe dar um puxão de orelha.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.