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A Vila Madalena se transformou na Cracolândia dos descolados

Na Cracolândia, não valem as leis do Código Penal. Na Vila Madalena, também não. Na Cracolândia, não vale a Lei Antidrogas. Na Vila Madalena, também não. Na Cracolândia, o Artigo 5º da Constituição, que assegura direitos fundamentais — entre eles, o de ir e vir — não tem vigência. Na Vila Madalena, também não. Na […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h34 - Publicado em 2 jul 2014, 16h30

Na Cracolândia, não valem as leis do Código Penal. Na Vila Madalena, também não.

Na Cracolândia, não vale a Lei Antidrogas. Na Vila Madalena, também não.

Na Cracolândia, o Artigo 5º da Constituição, que assegura direitos fundamentais — entre eles, o de ir e vir — não tem vigência. Na Vila Madalena, também não.

Na Cracolândia, os moradores reais da região não têm como reivindicar seus direitos. Na Vila Madalena, também não.

Na Cracolândia, tudo é permitido, menos cumprir a lei. Na Vila Madalena, também.

Na Cracolândia, os proprietários viram o seu patrimônio virar pó; na Vila Madalena, também.

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Na Cracolândia, a via pública serve de banheiro ou de motel. Na Vila Madalena, também.

Então qual é a diferença entre a Cracolândia e a Vila Madalena: o preço que se paga para frequentar uma e outra; o estrato social de seus frequentadores; os produtos que se vendem nas ruas.

Aos leitores que não moram em São Paulo, uma informação: a Vila Madalena é um bairro ainda majoritariamente residencial, com uma forte presença de bares, lojas que fazem a linha despojado-chique e ateliês de artistas. É, sem dúvida, uma das áreas boêmias mais conhecidas da cidade. E não se pode dizer que, por ali, o apreço pelas leis seja o hábito número um.

A Copa do Mundo, no entanto, transformou a região numa sucursal do inferno, ao menos para os milhares de moradores. Desde o dia do jogo inaugural da Copa, ficou evidente que o poder público havia perdido o controle sobre a região. E, daquela data até agora, tudo tem piorado. Nesta madrugada, a polícia teve de recorrer a bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar uma, como chamarei?, comemoração de argentinos, que recorreram, entre outras delicadezas, a uma espécie de guerra com fogos de artifício.

Não, os argentinos não são o problema. O problema está numa espécie de sestro muito nosso, segundo o qual a alegria e a comemoração são incompatíveis com os direitos assegurados pela Constituição e pelas leis.

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O prefeito Fernando Haddad diz que algo precisa ser feito. É mesmo? À Folha de São Paulo, ele afirmou: “Eu estou pedindo ao secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto, que está à frente desse processo, repactuar para que não haja novos incidentes. Nada grave aconteceu ontem, mas podíamos ter passado sem incidentes”.

Quem? Roberto Porto? O mesmo que responde pela, digamos, segurança justamente da… Cracolândia? Aquele mesmo que, na visita do príncipe Harry àquele outro pedaço do inferno, comentou: “Pelo contato que tive, que foi limitado, ele gostou do que viu. Ele quis saber a lógica de se ter um local monitorado, com as pessoas continuando a venda de crack”. Ou por outra: o secretário admitiu que o rapaz se interessara por uma experiência de descumprimento contumaz da lei pelo poder público.

Saibam: não há incompatibilidade nenhuma entre a alegria e o cumprimento das leis democraticamente pactuadas. Até porque, é o cumprimento das regras que assegura a liberdade. Admitir alguma contradição nessa relação seria o mesmo que aceitar que não se pode ser feliz e livre ao mesmo tempo.

Ocorre que, seja na Cracolândia, seja na Vila Madalena, a gestão do sr. Fernando Haddad entende que a liberdade e alegria são sinônimos de desordem, de anarquia, da completa ausência das leis.

O bom do regime democrático é saber que o mesmo povo que elege também deixa de eleger.

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