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A Igreja Católica e os gays: um documento correto e bem-vindo

“Os homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã? Seremos capazes de acolher essas pessoas, garantindo a elas um espaço maior em nossas comunidades? Muitas vezes, elas desejam encontrar uma igreja que ofereça um lar acolhedor. Serão nossas comunidades capazes de proporcionar isso, aceitando e valorizando sua orientação sexual, sem fazer concessões na […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h52 - Publicado em 13 out 2014, 17h10

“Os homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã? Seremos capazes de acolher essas pessoas, garantindo a elas um espaço maior em nossas comunidades? Muitas vezes, elas desejam encontrar uma igreja que ofereça um lar acolhedor. Serão nossas comunidades capazes de proporcionar isso, aceitando e valorizando sua orientação sexual, sem fazer concessões na doutrina católica sobre família e matrimônio?”

Essas indagações — que trazem em si a resposta — estão no documento que reflete os debates da primeira semana da assembleia extraordinária do Sínodo sobre a Família, que reúne 200 bispos no Vaticano e que tem como relator o cardeal húngaro Péter Erdo, de 62 anos, que frequentou a lista dos papáveis.

À diferença do que se diz por aí, não se trata ainda de um documento oficial do Vaticano, mas é evidente que se prenuncia uma mudança de tom muito bem-vinda da Igreja em relação aos homossexuais. É claro que eles têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã. A Igreja pode continuar com suas posições doutrinárias sobre a organização da família — idealmente formada por heterossexuais casados — sem que, por isso, segregue os gays e, por exemplo, os heterossexuais que constituíram uma nova união.

Vocês conhecem muito bem a minha opinião a respeito. Ninguém é gay por escolha ou opção. Também não se trata de doença original ou de comportamento. Uma parcela de indivíduos de quase todas as espécies complexas conhecidas se sente atraída por outros  do mesmo sexo. E ponto. Não há nada a fazer a respeito. Igrejas são organizações sociais, compostas por seus membros, e fazem suas escolhas. Prefiro que o catolicismo inclua em vez de excluir; abrace em vez de rejeitar, sem que, para isso, precise abrir mão de sua doutrina.

Na esfera puramente civil, defendo o casamento gay e a adoção de crianças por pares homossexuais, desde que tenham condições psicológicas e financeiras para isso — mas faço a mesma exigência aos casais heterossexuais. Isso não me alinha com o que chamo “sindicalismo gay”, cuja pauta militante contempla kits nas escolas com proselitismo sobre orientação sexual, a aprovação da chamada lei anti-homofobia — essencialmente um equívoco — e patrulha meio fascistoide de combate à chamada “heteronormatividade”, uma bobajada que supõe, no fundo, que a prevalência da heterossexualidade no mundo é só uma questão cultural. Obviamente, não é.

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Sei que é uma opinião sujeita a patrulhas as mais diversas. A linha de frente da militância gay acusa de “homofóbico” qualquer um que não adote a sua pauta. Para piorar, seres politicamente primitivos como uma Luciana Genro, por exemplo, pegam carona na luta dos gays e confundem o autoritarismo esquerdopata com a causa dos homossexuais. Alguém já viu esta senhora criticar a tirania cubana, onde gays são encarcerados só por serem gays? É claro que não! Se tiverem alguma curiosidade, procurem saber o que se deu com o bom escritor Reinado Arenas, narrada no filme “Antes do Anoitecer”, dirigido por Julian Schnabel. Gente como Luciana se alinha com a causa homossexual apenas porque considera que ela se opõe “à direita”. Querem outro exemplo? Sabem qual foi a principal acusação que o delinquente Nicolás Maduro, o ditador venezuelano, fez a seu opositor, Henrique Capriles? A de que ele é gay. As esquerdas ficaram caladas.

Da mesma sorte, noto que a questão gay leva alguns ultraconservadores a babar de ódio, como se o mundo vivesse sob uma terrível ameaça. Isso é bobagem. A ameaça que há hoje nos países livres é contra a liberdade de opinião e expressão, isto sim. Cada minoria organizada tende a transformar seus valores particulares em imposições universais, tentando calar quem pensa de modo diverso. Reitero: tal ameaça só existe no mundo livre. Nas tiranias, por óbvio, não. Afinal, tiranias são. De novo, lembro a tal Luciana. Segundo ela, Levy Fidelix deveria ter saído algemado de um debate eleitoral só porque se disse contrário ao casamento gay. Ela gosta é de ditadura, não de homossexuais.

Não acho que a comunidade cristã — e comunidade nenhuma — tenha algo a ganhar segregando os homossexuais porque homossexuais. E será dispensável lembrar aqui a contribuição de indivíduos nessa condição ao campo da ciência e das artes — inclusive cristãs. E sabem por que é dispensável? Porque não deixa de ser também uma forma de preconceito. Os gays têm o direito à felicidade ainda que não tenham nenhum talento especial, como não tem, aliás, a maioria dos heterossexuais. Os gays têm, em suma, o direito à normalidade.

Por enquanto, o que se tem é um documento prévio do Sínodo. Espero que se torne um documento abrigado por toda a Igreja Católica.

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