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A GUERRILHA DA MISTIFICAÇÃO

(leia primeiro o post abaixo) Como se verá abaixo, Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió, abriu para o Estadão o que tem sido chamado “seus arquivos” sobre a guerrilha do Araguaia. Vejam lá. Vem mais um pouco de “martiriologia” por aí. Militantes foram assassinados depois de já rendidos? É moralmente errado. Isso quer […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h24 - Publicado em 21 jun 2009, 10h19

(leia primeiro o post abaixo)
Como se verá abaixo, Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió, abriu para o Estadão o que tem sido chamado “seus arquivos” sobre a guerrilha do Araguaia. Vejam lá. Vem mais um pouco de “martiriologia” por aí. Militantes foram assassinados depois de já rendidos? É moralmente errado. Isso quer dizer que não está certo fazê-lo em qualquer tempo, pouco importam as circunstâncias. Por isso indenizações foram pagas – às famílias dos que morreram no Araguaia e a milhares de outras pessoas que não arriscaram um fio de cabelo. No Brasil, o passado, depois de passar, volta para assombrar os vivos e justificar os erros dos vivaldinos. Vamos ver.

Considero evidentemente descabida a expressão “movimento de resistência”, como lerão abaixo, pra designar os guerrilheiros do Araguaia. É um conceito forjado a partir de uma falsidade histórica, segundo a qual só se optou pela luta armada no Brasil quando o AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, sufocou toda forma de oposição ao regime.

A própria guerrilha do Araguaia desmente a tese. Os primeiros militantes começaram a chegar à região em 1966, quase dois anos antes do AI-5, e a opção pela luta armada tinha sido feita bem antes. No caso do PC do B, em 1962, quando um grupo rompe com o “reformismo” do PCB e resolve, então, “refundar” o Partido Comunista do Brasil, que comandou a patética tentativa de guerrilha.

Os militantes foram para o Araguaia para matar ou morrer. Tivessem eles capturado os adversários, teriam feito com os seus prisioneiros o que seus algozes fizeram com os deles. Como aconteceu o contrário, tornaram-se vítimas.

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O lugar de vítima na história é sempre um sítio privilegiado e, por isso, bastante disputado. Entre outras razões porque confere aos herdeiros morais e intelectuais daquelas personagens licenças especiais. Como se sabe, assim se construiu a mentira clamorosa de que a esquerda armada que lutou contra a ditadura queria democracia e trazia humanismo no peito e iluminismo nas idéias. Segundo, por exemplo, a ministra Dilma Rousseff, ela própria ex-membro da virulenta e assassina VAR-Palmares, eram todos “idealistas”. Uma pinóia!

Mentira! Queriam uma ditadura comunista no Brasil, inspirada, a depender do grupo, nos mais variados modelos de tirania: URSS, China, Cuba, Albânia… O PC do B mesmo, que foi organizar a guerrilha do Araguaia, estava sob inspiração chinesa. Seus dirigentes tinham ido a Pequim para apresentar suas credenciais revolucionárias à canalha que servia à carnificina de Mao Tese-Tung. Entenderam? Os “heróis” do Araguaia, o “movimento de resistência”, eram subordinados intelectuais de um líder e de um regime que mataram 70 milhões de pessoas.

É evidente que a disputa ideológica no Brasil matou menos de 450 pessoas porque a extrema esquerda perdeu. Se ela tivesse vencido, os mortos se contariam aos muitos milhares ou milhões. É a experiência história que me autoriza a dizê-lo. Tomo por base o que os comunistas fizeram nos países em que se sagraram vitoriosos.  Por que isso agora?

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A serem verdadeiros os registros do tal Curió, é detestável que pessoas tenham sido mortas depois de rendidas. Merece repúdio em qualquer tempo. Mas daí a incensar como “resistentes” os combatentes de Mao Tse-Tung na selva brasileira… Aí não dá. Não consigo me apegar à utopia construída sobre milhões de cadáveres.

A importância da guerrilha do Araguaia para o Brasil? Zero! É útil reconstituir aqueles acontecimentos porque, claro!, devemos ter a versão de nossa história a mais fiel. Nada além disso.  Mas o suposto heroísmo dos que alimentavam aquelas utopias homicidas — de homicídio em massa — tem de ser denunciado como um embuste passado com alcance em alguns embustes presentes.

Eles não queriam democracia. E os que se colocam como seus herdeiros intelectuais e políticos no presente continuam a não querer. Os do passado levavam adiante sua impostura tentando matar e correndo o risco de morrer. As imposturas dos contemporâneos eliminaram até, vá lá, o componente de coragem que havia naquelas paixões homicidas. Bastam-se arrumando boquinhas no estado e nas estatais.

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O Brasil é vampirizado por espertalhões empenhados em inventar para si uma história gloriosa. A sua melhor contribuição ao futuro é reescrever o passado,  o que dá conta de seu horizonte miserável. 

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