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A “fúria bondosa” de Marina já começa a fazer barulho na aliança; Campos diz que é coisa de adversários; os fatos demonstram que não

Pois é… Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB, concedeu uma entrevista nesta manhã à radio CBN e acusou os adversários de tentar instalar a cizânia entre ele e Marina Silva. Diz que isso é inútil e coisa e tal e, na prática, ainda que com palavras um tanto rebarbativas, confirmou: pode ser […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h13 - Publicado em 9 out 2013, 23h33

Pois é… Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB, concedeu uma entrevista nesta manhã à radio CBN e acusou os adversários de tentar instalar a cizânia entre ele e Marina Silva. Diz que isso é inútil e coisa e tal e, na prática, ainda que com palavras um tanto rebarbativas, confirmou: pode ser ela a candidata do PSB em 2014 — isso me pareceu óbvio desde o primeiro dia. O ponto que me interessa aqui é outro. Não são os adversários que estão tentando criar confusão. Se já há alguns focos de incêndio, quem põe fogo na mata é mesmo… Marina.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) pretende disputar o governo de Goiás por seu partido. No Estado, integra o bloco de oposição ao governo do Estado, onde também está o PSB, de Campos. Está, ou estava, sei lá, em curso um entendimento entre as duas legendas. Caiado já havia manifestado simpatia pela candidatura do governador de Pernambuco e reagiu de modo elegante quando Marina entrou na legenda. Mas sabem como é… A ex-senadora tem que ter os seus judas para malhar, e ela fez do agronegócio o seu principal inimigo.

Com menos de uma semana de acordo, já partiu para cima de Caiado, a quem nesta terça de “inimigo histórico dos trabalhadores rurais”. Indagada como seria uma eventual coligação entre DEM e PSB em Goiás, praticamente chutou o outro. Em entrevista à Folha, a redista afirmou que que ela própria e Caiado são tão coerentes que, se a aliança prosperar, “ele mesmo vai pedir para sair, se é que não está pedindo”. Como se vê, Marina pode, de vez em quando, adotar a linguagem do Capitão Nascimento.

Foi uma agressão gratuita. Caiado integra a chamada “bancada ruralista”, que os “modernos” adoram demonizar. Ocorre que até adversários ideológicos seus o têm na conta de um homem de bem, honesto, transparente. Não consta que exista nenhuma evidência de que seja o tal “inimigo dos trabalhadores rurais”.

Conforme informa a Folha, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil), assinou uma nota em conjunto com o presidente da Federação da Agricultura de Goiás, José Mario Schreiner, que defende o parlamentar e acusa Marina de recorrer à “calúnia e difamação” antes mesmo do início da campanha eleitoral.

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“A tolerância é imprescindível para elevar o ser humano à condição de civilidade. E se tolerância tem a ver com humildade ou, antes, dela decorre, é incompreensível que esta manifestação tenha vindo da cristã que Marina Silva diz ser”, diz a nota. Kátia, que já declarou que vai apoiar a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, acusou Marina de “truculência” no plenário no Senado. O texto prossegue: “Esperamos a devida retratação da pré-candidata, que tem revelado profundo desconhecimento do agronegócio brasileiro, pilar mais importante da economia nacional”.

Pois é…

Ainda que Rede e PSB mantenham suas respectivas identidades, como dizem os representantes dos dois partidos, é claro que as coisas podem azedar no meio do caminho. Se o candidato titular do PSB for Campos, as alianças serão de um jeito; se for Marina, não há como, serão de outro. Essa definição não será feita amanhã. Há muitos meses pela frente. Em São Paulo, mesmo, a aliança PSDB-PSB é dada por muitos como certa. Nos bastidores, já há buchicho de gente ligada à Rede afirmando que as coisas não são bem assim.

Notem uma coisa: Marina não é uma adversária direta de Caiado sob qualquer critério que se queira, menos um: ele era um convicto defensor do Código Florestal aprovado, e ela uma convicta detratora. Posso compreender, claro, que isso crie dificuldades para a aliança, agora que ela, oficialmente ao menos, é do PSB. Mas daí a atacar a honra pessoal do outro — e afirmar que alguém é inimigo do trabalhador rural entra nessa categoria — vai uma distância enorme.

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Como afirmei aqui no sábado, passada a euforia novidadeira, começariam os problemas. Campos não é fiel à realidade quando diz que os inimigos é que estão querendo criar curto-circuito. Marina, muito à sua maneira, é uma das figuras públicas mais intolerantes da política. Ou as pessoas enxergam o seu horizonte escatológico (em sentido ecológico-religioso) e aquelas que ela considera as chances de redenção (idem) ou são, então, tratadas como inimigas da virtude.

Não conheço o deputado Caiado, nunca falei com ele e já divergi de suas opiniões aqui algumas vezes. O ataque gratuito que lhe desfere Marina, com aquele seu jeito etéreo de entidade celestial, é inaceitável e prenuncia mais problemas do que Campos possa supor. Isso nada tem a ver com os adversários, governador! Marina é que precisa aprender a controlar a sua fúria certamente bondosa…

Segue a nota assinada por Kátia Abreu e José Mario Schreiner.

Nota Kátia Abreu

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