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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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A Batalha do Jenipapo

Segue em vermelho o restante da carta do deputado Fábio Novo (ver post acima),  presidente da Assembléia Legislativa do Piauí. Respondo em azul. 1) Na manhã de ontem, o setor de comunicação da Assembleia recebeu quase 2 mil e-mails, além de 478 telefonemas. Muitas pessoas foram pessoalmente a Assembleia Legislativa do Piauí, solicitar o cancelamento […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h27 - Publicado em 27 mar 2011, 08h51

Segue em vermelho o restante da carta do deputado Fábio Novo (ver post acima),  presidente da Assembléia Legislativa do Piauí. Respondo em azul.

1) Na manhã de ontem, o setor de comunicação da Assembleia recebeu quase 2 mil e-mails, além de 478 telefonemas. Muitas pessoas foram pessoalmente a Assembleia Legislativa do Piauí, solicitar o cancelamento do espetáculo, devido a repercussão negativa da frase proferida pelo ator. Isto sem falar na ampla repercussão na imprensa local e pelas redes sociais;
E daí? Nada disso me impressiona ou autoriza um ato discricionário. O fascismo era popular. Os linchamentos costumam ser expressões de grupos indignados. Nem o povo tem o direito de rasgar a Constituição!

2) O art. 3º da Constituição do Estado do Piauí reza que a Assembleia Legislativa é a guardiã da Carta maior do Estado e que é prerrogativa do Legislativo zelar pelo seu cumprimento. O inciso III do artigo 3º estabelece como objetivo fundamental do Estado “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” e por ser papel da Assembleia Legislativa do Estado do Piauí zelar pelo respeito e cumprimento da sua Constituição;
Falar mal de Teresina, ainda que tivesse sido a expressão séria de um pensamento, o que é mentira, não fere o Artigo 3º da Constituição do Piauí. Ademais, quem outorgou ao senhor prerrogativas de juiz? A expressão de um pensamento é coisa muito diferente da promoção de preconceito.

3) O Regimento Interno da Assembleia Legislativa estabelece como papel da sua Mesa Diretora guarda e a administração do patrimônio físico daquela Casa Legislativa, estando, portanto, o seu Cineteatro enquadrado dentre este patrimônio. Não seria pedagógico, portanto, que as instalações de um prédio pertencente ao patrimônio da Assembleia legislativa do Estado do Piauí, pudesse ser utilizado por alguém que acabara de fazer, publicamente, na rede mundial de computadores, apologia ao preconceito e discriminação ao Estado do Piauí e ao povo de Teresina.
Apologia do preconceito uma ova! Qualquer brasileiro tem o direito de achar Teresina, São Paulo ou a Capela Sistina o “cu do mundo”. “Não seria pedagógico”? No Piauí, só se admite a liberdade de expressão se ela for “pedagógica”? E quem tem o monopólio desse juízo?

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4) Não cabe falar em censura neste caso, pois a Casa do Povo, sensível às inúmeras manifestações da população, atendeu aos apelos do povo do Piauí. Censurar significa o exame prévio ou posterior de uma peça teatral. Isto nunca ocorreu no Cine Teatro da ALEPI. Em nenhum momento, se discutiu o conteúdo do espetáculo, tanto é que ele estava pautado.
Pois é! E você acha que, por isso, é menos grave? É pior, então, do que na ditadura! Nem ela ousou proibir um espetáculo em razão da opinião que um ator ou autor tivessem fora do espetáculo!

5) O ato administrativo da Assembleia do Piauí foi sereno, responsável e pautado na legislação vigente. Com os ânimos acirrados no Estado, e sob forte pressão da população, pensando na integridade física dos próprios atores e ainda na preservação do patrimônio público o razoável seria o cancelamento da pauta. E assim o fizemos, por decisão não do deputado Fábio Novo, mas por unanimidade dos membros da Mesa Diretora do Poder Legislativo.
Quando você decidir estudar um pouco, Novo, verá que alguns inquisidores ficavam rezando pela alma da vítima que tinham condenado à fogueira para que ela se livrasse do… fogo do inferno. Louvo o seu cuidado e o de seus pares. No máximo, vocês deveriam ter pedido proteção policial especial se havia risco de tumulto.

6) Ao pedir desculpas ao povo do Piauí, Marauê complicou ainda mais sua situação, pois declarou que a frase usada seria “uma expressão cultural do Piauí.” Se não bastasse, justificou sua tonteria desferindo outro preconceito e discriminação, agora contra o povo de Campinas(SP), ao dizer que “quem bebe da água de Campinas se torna homossexual masculino ou feminino.”
Ele que se dane com suas tolices. Está pagando um preço alto por elas.

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7) Em nenhum momento proibimos a apresentação do ator em outro local. A produção poderia ter encaminhado nesse sentido. É bom ressaltar que contratos publicitários agendados com várias empresas que pretendiam usar a imagem dos atores foram cancelados, devido à repercussão negativa da frase infeliz. Enfim não havia mais clima para a apresentação do espetáculo no Estado, tanto é que os mesmos, deixaram o Piauí nesta madrugada.
Novo diz que não proibiram a peça em outros locais como se alguém, no Piauí ou no Brasil, tivesse autoridade para fazê-lo. Pede que reconheçamos a sua generosidade ao não fazer o que a lei proíbe que ele faça!

8 ) Por fim, não somos “caipiras ressentidos”, mas sim piauienses com muito orgulho de ter como característica a boa hospitalidade. Caetano Veloso já cantou isso. Também somos firmes quando a ocasião exige, foi assim em 1823 quando em Campo Maior os piauienses foram os únicos brasileiros que derramaram sangue em favor da consolidação da independência do Brasil, através da Batalha do Jenipapo, ao expulsar as forças do comandante Fidié, que insistia em não reconhecer a independência das terras de Vera Cruz
Um abraço!
Fábio Novo, ator, jornalista e atualmente no exercício do mandato de Deputado Estadual
Eu não exalto a hospitalidade dos paulistas porque conheço os hospitaleiros e os hostis. Folgo em saber que, no Piauí, a “boa (sic) hospitalidade” chega a 100%. Eu sempre fui grato à Batalha do Jenipapo, quando o Piauí salvou o Brasil.

Às vezes, chego a sentir saudade do tempo em que as esquerdas, em nome do humanismo (era tudo cascata, eu sei),  diziam-se internacionalistas. Não faz muito, antes de o PT chegar ao poder no Piauí, eram elas a denunciar as mazelas econômicas e sociais do estado. Agora, tentam calar os críticos em nome da história!

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