Demitido por assinar contrato suspeito de TI agora atua com Damares
As despesas de TI continuam uma caixa-preta no governo; com essa turma Jair Bolsonaro ainda não revelou desejo de mexer
Responsável por um contrato de TI do Ministério da Cidadania de 6,9 milhões de reais com uma empresa de fachada que está sendo investigada pela Polícia Federal, o ex-subsecretário de Assuntos Administrativos da pasta Paulo Roberto de Mendonça e Paula foi demitido no ano passado por Osmar Terra quando o cheiro de queimado no setor de pagamentos começou a subir e chegar aos órgãos de controle.
Como descobriu o repórter Patrik Camporez, a Business To Technology B2T deu ao governo um endereço frio ao fechar o contrato milionário. Antes de pagar milhões dos cofres públicos pelos serviços, ninguém achou prudente conferir os dados e antecedentes da turma.
Logo num setor tão marcado por assaltos desse tipo. Afinal, o golpe da empresa de TI de fachada que “vende” — mas não entrega — soluções de segurança e licenças de software, além de treinamento de servidores, é mais velho na máquina pública que o falso sequestro de parentes inventado pelos presidiários. O setor movimentou cerca de 5 bilhões de reais por nos últimos governos. É outra Lava-Jato!
No caso em questão, desde 2017 uma orientação da CGU alertava os órgãos para que não fechassem negócios com a empresa que Paulo contratou. Na última quinta, a PF bateu à porta dos donos da B2T e da antiga cúpula do Ministério do Trabalho de Michel Temer, que também pagou milhões aos fantasmas.
Como a incompetência — para dizer o mínimo — é praga difícil de matar, a turma que autorizou a pasta de Osmar Terra a pagar milhões à empresa de fachada, investigada por desvios que chegam a 50 milhões de reais, já se arrumou no governo Bolsonaro. Paulo, o contratante, foi empregado por Damares Alves na pasta da Mulher, semanas depois de ser demitido por Terra.
O que ele faz no ministério? É subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria-Executiva. Foi levado para lá pela número dois de Damares, a secretária-executiva Tatiana Barbosa.
Uma força-tarefa da PF e do TCU investiga há tempos esses negócios de TI do governo, mas essa caixa-preta bilionária Jair Bolsonaro ainda não revelou interesse em abrir.