Paes se reúne com candidato ao governo do Rio pelo PDT de Ciro Gomes
Não vai dar namoro, já se sabe, mas a aproximação é sinal de disputa em aberto
O prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD) pretende lançar um nome de seu grupo político à disputa para o governo do estado do Rio no ano que vem. Esse nome é o de Felipe Santa Cruz, atual presidente nacional da OAB.
A questão é que, apesar de Paes contar com o apoio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para lançar candidato próprio ao governo do Rio em 2022, não é segredo para ninguém que a disputa está pra lá de aberta.
Cláudio Castro, conhecido nos círculos políticos como o “vice improvável de um governador improvável”, assumiu a cadeira depois que o então governador Wilson Witzel foi deposto por um processo de impeachment encerrado no final de abril. Ele tenta se cacifar como opção junto às lideranças estaduais.
Paes não tem proximidade com o governador e nem irá apoiar seu projeto, mas sabe que o jogo está indefinido. Ele sabe também que apesar de Santa Cruz lhe jurar fidelidade até debaixo d’água, o presidente da OAB é um notório desconhecido para a maioria do eleitorado do estado.
Como bom jogador que é, Paes está mantendo de pé pontes com potenciais aliados na tentativa de criar uma aliança que possa ser imbatível no ano que vem.
Apesar de rezar a cartilha de Kassab, que prega o voto na terceira via para presidente da República no ano que vem, o prefeito já sentou para conversar no Rio com Lula e com Ciro Gomes. Aos dois prometeu portas abertas e recebeu acenos semelhantes de volta.
Há duas semanas foi a vez de Paes sentar para conversar com o nome que o PDT lançará como pré-candidato ao governo do Estado do Rio, Rodrigo Neves, duas vezes prefeito de Niterói. Segundo um dirigente do PDT que esteve no encontro, “o diálogo com o PSD vai muito bem”.
É claro que, como os dois partidos pretendem lançar seus próprios candidatos a cabeça de chapa no ano que vem, ninguém alimentou a ilusão de uma aliança para o primeiro turno, apesar de haver uma avaliação de que as campanhas seriam complementares, com o candidato do PDT com força na região metropolitana e algumas cidades grandes do interior e o candidato do PSD, com força na capital, cujo principal cabo eleitoral seria o próprio prefeito.
Não vai dar namoro, já se sabe, mas a aproximação é mais um sinal de que está tudo em aberto ainda no Rio. A avaliação entre operadores políticos locais é que o atual governador Cláudio Castro pode não ter força para se reeleger, principalmente em razão do derretimento da popularidade de Jair Bolsonaro, seu principal fiador ano que vem.
Também há o sentimento de que o candidato mais conhecido na disputa de 2022, o deputado Marcelo Freixo (PSB), não conseguirá colocar de pé sua sonhada aliança ampla de partidos contra o bolsonarismo. Políticos de esquerda no estado ainda alimentam o desejo de palanques duplos ou triplos, ideia que quanto mais verbalizada, mais distante fica.