O desafio fiscal de Temer: uma conta de R$ 300 bilhões
Uma conta feita pelo banco UBS dá a medida do desafio a ser enfrentado por Temer na economia – e mostra que, enquanto o namoro do vice com o mercado começou promissor, o casamento pode se provar não tão fácil assim. Nos cálculos da equipe liderada por Guilherme Loureiro, o governo precisa de nada menos que 300 bilhões de […]
Uma conta feita pelo banco UBS dá a medida do desafio a ser enfrentado por Temer na economia – e mostra que, enquanto o namoro do vice com o mercado começou promissor, o casamento pode se provar não tão fácil assim.
Nos cálculos da equipe liderada por Guilherme Loureiro, o governo precisa de nada menos que 300 bilhões de reais para conseguir estabilizar a relação entre dívida e PIB, que vem em trajetória explosiva.
O problema é de onde tirar esse dinheiro. Mesmo as medidas impopulares de aumento de impostos e corte de gastos trariam um alívio de “apenas” 240 bilhões de reais, levando à necessidade de venda de ativos ou alternativas, como utilização de reservas cambiais, para estancar a sangria fiscal.
Do lado da tesoura nas despesas, ainda que sejam aprovados o congelamento nos programas habitacionais e nos salários dos servidores públicos, desindexação dos benefícios sociais do salário mínimo, o fim do abono salarial e o aumento da idade mínima para aposentaria, a economia seria de “apenas” 95 bilhões de reais.
Já na dolorosa frente de aumento de impostos – que Skaf não nos ouça –, o retorno da CPMF e o aumento da Cide e do Pis/Cofins da gasolina, associada à redução de benefícios tributários, como desoneração da folha de pagamento, a receita extra seria de 144 bilhões de reais — isso se o país voltar a crescer à taxa de 2% ao ano.
Conclui o banco, em relatório: “Enquanto reformas extensivas podem ser possíveis, é preciso ter em mente que conquistá-las não vai ser fácil, e o risco de decepções no médio prazo não é baixo”.