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Negacionismo tinha motivação econômica no governo, diz advogada na CPI

Bruna Morato representa médicos da Prevent Senior que foram obrigados a receitar 'kit covid'; 'gabinete paralelo' era ligado ao Ministério da Economia

Por Lucas Vettorazzo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 set 2021, 13h34 - Publicado em 28 set 2021, 12h13

A advogada Bruna Morato, que representa médicos da Prevent Senior e que depõe nesta terça na CPI da Pandemia, disse que o chamado “gabinete paralelo”, formado por médicos sem relação formal com o governo mas com influência na gestão da pandemia, foi criado com motivação econômica. O grupo, segundo ela, era “alinhado ao Ministério da Economia” e foi criado para desenvolver um plano que fizesse com que a população não aderisse ao lockdown. E foi dai que surgiu, ainda de acordo com a advogada, o chamado tratamento preventivo ou precoce com o “kit covid”, um coquetel de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, como a cloroquina, a ivermectina, a azitromicina e a colchicina.

“O doutor Pedro foi informado de que havia um grupo de médicos assessorando o governo federal e que esse conjunto estaria totalmente alinhado com os interesses do Ministério da Economia. Existe um interesse da economia para que o país não pare e se nós entrarmos nesse sistema de lockdown, teríamos um abalo muito grande. Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo”, disse ela, referindo-se a um relato recebido por um funcionário da operadora. 

Bruna representa médicos que foram obrigados pela direção da Prevent Sênior a receitar os medicamentos a pacientes internados com a doença. Havia um interesse da empresa em se aproximar do governo federal, mas como as portas no Ministério da Saúde então comandado por Luiz Henrique Mandetta estavam fechadas, o caminho foi o gabinete paralelo. Houve um acordo para que os hospitais da Prevent adotassem o tratamento baseado no negacionismo. A parceria com o governo federal era mencionada nos corredores da empresa como “pacto” ou “aliança”.

A advogada explicou como funcionava o gabinete e quem dava as cartas por lá: o toxicologista Anthony Wong ficou com a função de criar um coquetel de remédios supostamente “atóxico”; a oncologista especializada em imunologia Nise Yamaguchi disseminaria informações sobre a resposta ao suposto tratamento; e o virologista Paolo Zanotto divulgaria informações sobre o vírus em geral. De acordo com ela, a insistência em medicamentos não comprovados era para passar a impressão de que a Covid-19 estava sob controle, com soluções ao alcance da mão. “A economia não podia parar e eles tinham que conceder esperança para que as pessoas saíssem para as ruas. E a esperança tinha um nome: era a hidroxicloroquina”, disse ela.

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A advogada relatou ainda que se sentiu em perigo quando vieram à público as primeiras denúncias feitas por médicos da Prevent defendidos por ela, em abril passado. Pouco tempo depois, seu escritório em Garulhos (SP) foi invadido por um grupo que ela suspeita ser uma “quadrilha muito bem estruturada”, dado a sofisticação dos métodos empregados. Os invasores duplicaram o IP de todas as câmeras e deixaram o sistema de segurança vulnerável por quatro dias. Eles levaram computadores e ainda cortaram canos para causar inundações em vários andares do prédio. Para ela, a ação teria sido uma tentativa de intimidá-la, apesar de reconhecer não ter prova da relação com os casos investigados na CPI. “Não posso afirmar qualquer relação com a empresa, mas aconteceu, e desde então, tenho me sentido ameaça”.

A advogada afirmou ainda que os médicos eram obrigados a receitar o kit de medicamentos aos doentes como forma de evitar internação. O coquetel era entregue em pacotes lacrados e os profissionais de saúde não eram autorizados nem a retirar algum medicamento do suposto tratamento. “Os médicos eram, sim, orientados à prescrição do kit e ele vinha em um pacote lacrado e fechado. Não existia autonomia com relação até a retirada de itens nesse kit. Quando o médico queria tirar algum item, mesmo que riscasse, o paciente recebia ele completo. Ele tinha a informação de que tinha que tomar aqueles medicamentos e o médico tinha que riscar, porque a receita vinha pronta. Inclusive, vinha com um manual de instruções. Eu desconheço qualquer outra instituição médica que tenha esse tipo de prática”, disse a advogada.

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