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Livre do Sítio de Atibaia, Lula tenta apagar corrupção na Petrobras

Petista admite plano de fuga do Brasil antes de ser preso, caso revelado por VEJA em março de 2016

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 ago 2021, 09h00 - Publicado em 24 ago 2021, 08h53

Veja como o arquivamento do caso do Sítio de Atibaia serviu para tirar o velho Lula da toca. Em entrevista à apresentadora Patrícia Calderón, no Jornal da Manhã da Jovem Pan em Fortaleza, o petista varre de sua biografia o esquema de corrupção revelado pela Lava-Jato.

O histórico assalto aos cofres da Petrobras, gestado, segundo delatores, ainda durante o primeiro governo Lula, não passou, no novo discurso de Lula, de uma “provação divina” para que ele fosse preso e pudesse, veja só, “provar à sociedade brasileira o que uma parte da elite brasileira é capaz de fazer para evitar que a gente pudesse continuar a fazer política de inclusão social nesse país”.

“Eu sou um homem que creio muito em Deus. Eu acho que a minha prisão foi uma provação. Quem sabe, aquilo estava colocado no meu destino para que eu pudesse provar à sociedade brasileira o que uma parte da elite brasileira é capaz de fazer para evitar que a gente pudesse continuar a fazer política de inclusão social”, diz Lula.

Como a prisão foi “destino”, não obra da descoberta da roubalheira petista, Lula agora se sente confortável até para admitir uma antiga história revelada por VEJA, mas negada na ocasião pelos petistas. Antes de ser preso em 2018, existiu, sim, um plano de fuga para o exterior.

“Quando eu decidi ir para a cadeia — porque eu poderia ter saído do Brasil, tive vários convites para ir embora do Brasil, tive convite para ir para embaixada –, decidi ir para a Polícia Federal porque era perto da Justiça Federal, (foi porque) eu precisava provar que a força-tarefa de Curitiba era uma quadrilha, um grupo de pessoas que decidiram se vender ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos para tentar destruir a minha candidatura, a minha imagem, para tentar destruir as empresas de engenharia do Brasil e tentar fazer o desmonte da Petrobras”, diz Lula.

As investigações da Lava-Jato descobriram que, ainda no primeiro governo Lula, um grande esquema de corrupção foi articulado tendo como integrantes os maiores empreiteiros de construção pesada do país e influentes caciques do PT, do MDB e do PP. Os políticos dominavam as indicações dos chefes das diretorias da Petrobras, que fraudavam licitações e cobravam propinas milionárias dos empreiteiros para fechar os negócios.

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A propina era praticada na ordem de 1% a 3% dos contratos e aditivos da petroleira. Todo o dinheiro desviado pelas empreiteiras era dividido entre os políticos, o caixa eleitoral dos partidos e os corruptos da estatal e seus operadores.

Malas de dinheiro vivo corriam o país, eram entregues no diretório do PT em São Paulo e nas casas dos corruptos pelo famoso esquema de “money delivery” do doleiro Alberto Youssef.

A Diretoria de Serviços era chefiada por Renato Duque e drenava todo o dinheiro sujo ao PT. João Vaccari Neto, famoso pelo pixuleco, era o controlador desse caixa. Já a Diretoria de Abastecimento, então comandada por Paulo Roberto Costa, era área do PP — mais tarde dividido também com o MDB — com propinas administradas e pagas pelo doleiro Youssef. A Diretoria Internacional, comandada por Nestor Cerveró, servia ao PT e ao MDB com diferentes operadores.

As empreiteiras, reunidas num clube do bilhão, definiam quem venceria qual contrato na estatal e tinham formas distintas de pagar propina. A Odebrecht tinha um caixa próprio e até um banco no exterior para organizar o propinoduto. A OAS recorria a malas de dinheiro de Youssef e também mantinha um caixa próprio de pixuleco. As outras empreiteiras usavam o velho método de lavagem de dinheiro a partir de contratos com empresas de fachada.

Para que essa imensa quadrilha não fosse descoberta, entrava a proteção política do Palácio do Planalto, com Lula e Dilma Rousseff, como admitiu Youssef na delação revelada por VEJA. Pedro Corrêa, que começou a roubar ainda no extinto Inamps, detalhou como tudo funcionava.

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Obra do governo Lula para agradar ao companheiro Hugo Chávez, a Refinaria Abreu e Lima consumiu 20 bilhões de dólares, tornando-se em 2017 a mais cara do mundo. A obra do Comperj, outro duto de propina ao PT e seus aliados, segundo o TCU gerou um prejuízo ao país de 12,5 bilhões de dólares. O petismo ainda brindaria o país com casos da refinaria de Pasadena (quase um bilhão de dólares em prejuízo), a “ruivinha”, e a corrupção na Sete Brasil, a estatal criada para construir sondas de exploração de petróleo no pré-sal, mas que servia mesmo era para bancar a propina de Lula, com admitiu a Odebrecht em delação.

No caso do Sítio de Atibaia, revelado em abril de 2015 em uma reportagem de capa de VEJA, Lula foi condenado em primeira e segunda instâncias da Justiça. Neste ano, o STF matou o processo ao declarar Sergio Moro parcial na condução das ações contra o petista. Lula não esconde a raiva de Moro.

Instado a falar o que pensa sobre o juiz, ele se nega, na entrevista — que irá ao ar no sábado pela Jovem Pan –, a verbalizar o que sente pois o conteúdo seria forte demais para audiência. Ao mesmo tempo, se diz liberto.

“O Moro saiu da minha vida. O que eu queria provar, eu provei. Eu até queria que ele fosse candidato para ver quantos votos ele vai ter, para ver o que ele vai falar nos debates, a proposta de Brasil dele”, diz.

Já que a corrupção na Petrobras não existiu e que tudo não passou de obra dos Estados Unidos, Lula também tira da conta do antipetismo a eleição de Jair Bolsonaro. No papel do velho Lula de sempre, a culpa é da imprensa, não da roubalheira da companheirada.

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“O Bolsonaro foi uma criatura feita pela imprensa brasileira. A Rede Globo de televisão e a Revista VEJA produziram o Bolsonaro. Pariam o Moro e o Moro foi responsável por parir o Bolsonaro”, diz Lula.

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