O que explica a aposta de Bolsonaro contra o isolamento social
Redes sociais tão monitoradas pelo presidente já registram o pânico dos brasileiros diante do desemprego
Parece maluquice, mas Jair Bolsonaro se move com estratégia nessa cruzada contra o mundo e seu plano de isolamento social para conter a pandemia de coronavírus.
Está mais do que claro para todos no planeta que a quarentena é a única forma de evitar uma tragédia ainda maior que a já registrada e ainda em gestação. Mas o presidente tem bons argumentos em mãos para remar contra o movimento do “fique em casa”.
Nos últimos dias, monitoramentos de redes sociais mostraram uma explosão de 600% nas buscas por informações sobre como obter o seguro desemprego.
O medo de demissões alastra-se tão rápido quanto o coronavírus. O interesse sobre como obter o seguro gerou milhares de postagens no Twitter nos últimos dias. De modo geral, o interesse era em descobrir as regras para solicitar o benefício.
O LinkedIn, plataforma utilizada por profissionais que buscam recolocação no mercado, teve seu fluxo de acessos ampliado de 800.000 para 2,6 milhões de usuários.
No Google, o pânico em torno do desemprego fez ressuscitar o site do moribundo Ministério do Trabalho nas buscas. São dados dessa natureza que fornecem o combustível para que o presidente continue equiparando a vida aos empregos na luta contra o vírus.
A aposta do presidente é simples: o clamor por renda vai se sobrepor ao medo do vírus e esvaziar o apelo social na campanha pelo “fique em casa”. “Eu estou esperando que o povo peça mais (a volta ao trabalho), porque eu tenho o povo ao meu lado”, disse ontem o presidente numa entrevista.