Com o comando da Saúde se desfazendo, tempo joga contra Bolsonaro
Enquanto número de mortes avança, presidente enfrenta dificuldades na busca por nome da elite da medicina para o lugar de Mandetta
Jair Bolsonaro procura um nome com verniz técnico e reputação na elite da medicina para substituir Luiz Henrique Mandetta. Até o momento, os nomes sondados recusaram tentar assumir o controle do navio para desviar do iceberg de mortos pelo coronavírus que se anuncia no horizonte.
É, segundo aliados de Mandetta, o preço do intervencionismo do presidente na estratégia científica do time da Saúde no combate ao coronavírus. Poucos nomes estrelados da medicina topariam, nesse momento, colocar a própria biografia nas mãos do presidente da República que insiste em menosprezar o trabalho preventivo contra o avanço da pandemia.
É nessa frente que outros nomes conhecidos ganham força, na política, claro. Osmar Terra é detestado pelos militares do Palácio do Planalto, mas conquistou o presidente e seus filhos por oferecer argumentos ao exército bolsonarista na luta contra o isolamento social. Mas, de novo, é um nome da política para o cargo, algo que os militares palacianos tentam evitar nesse momento. Bolsonaro, ao que consta, ainda segue seus militares, apesar de os filhos defenderem Terra.
A situação de Terra pode melhorar se nenhum técnico ou figura ilustre da medicina topar a missão. Afinal, o tempo joga contra o governo e os brasileiros. Com a demissão anunciada, Mandetta e seu time, como qualquer pessoa que perderá o trabalho e desorganizará a própria vida, já não conseguem manter a normalidade na agenda técnica. O país perderá esta quarta para a agenda de intrigas do governo.
Entre segunda e terça, o coronavírus matou 204 brasileiros no país. Nas últimas 24 horas, é provável que outra onda de mortes tenha ocorrido. É possível esperar até sexta para recompor a sala de comando da crise na Saúde?