Bolsonaro e a parábola do sapo fervido
Em conversa com fãs no cercadinho do Alvorada, o presidente que tenta ampliar o Bolsa Família critica projetos sociais e 'Estado bonzinho'
O presidente Jair Bolsonaro ouvia o depoimento de um fã que exaltava a beleza dos atos do dia 7 de setembro, no cercadinho do Palácio da Alvorada, quando decidiu iluminar seus apoiadores com uma parábola, na manhã desta segunda-feira.
“As coisas ruins não acontecem de uma hora pra outra, a não ser um raio na sua cabeça. Elas vão acontecendo, quando você vê já é tarde demais. Isso me faz lembrar a parábola do sapo fervido […] O fogo vai esquentando a panela, o sapo lá dentro, começa a ficar numa boa, cheio de projetos sociais, não precisa trabalhar mais, o Estado vai dar comida pra você, o Estado é bonzinho, o Estado torna todo mundo igual, nós queremos o seu bem, nós queremos salvar tua vida, tome isso, tome aquilo, na marra. Quando você vê, a água ferveu demais, o sapo tá relaxado, não tem mais força pra sair da panela, ele vai virar sopa”, declarou, modulando a voz para imitar o suposto discurso dos opositores.
A crítica à “panela” cheia de projetos sociais e ao “Estado bonzinho” ocorre em meio á tentativa do governo federal de conseguir dinheiro para ampliar o Bolsa Família — rebatizado de Auxílio Brasil —, medida que é vista internamente como fundamental para pavimentar o caminho para a reeleição de Bolsonaro, em 2022.
O presidente foi além e disse que “é assim que começam aí os regimes de exceção, e terminam da forma mais trágica possível, como o da Venezuela”. E aproveitou para alfinetar a Argentina e o Chile, que segundo ele “também começa a dar demonstração que essa parábola tem que ser levada em conta, tem que se preocupar com ela”.
Ele reforçou os ataques ao “Estado bonzinho”, aos moldes de Hugo Chávez na Venezuela, e anunciou que deve visitar Pacaraima (RR), na fronteira com o país vizinho, para fazer uma live “que vai durar algumas horas” e mostrar o pessoal vindo para o Brasil. A campanha para 2022 está a pleno vapor.