Procurado na semana passada pelo governador de Rondônia, o bolsonarista Marcos Rocha (PSL), Jair Bolsonaro deve atender ao pedido do aliado e enviar a Força Nacional de Segurança Pública para atuar no estado contra a Liga dos Camponeses Pobres, movimento classificado como “terrorista” pelo presidente em um discurso para pecuaristas no fim de semana. Quem está por dentro das tratativas diz que a autorização de Bolsonaro é apenas uma questão de tempo. O Ministério da Justiça, responsável pela corporação, já estuda onde montar uma base no estado. Bolsonaro, aliás, viaja nesta sexta para inaugurar uma ponte entre Rondônia e o Acre.
Rocha viajou até Brasília e, antes de falar com Bolsonaro na quinta-feira, se reuniu com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e com o secretário de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia. E deixou uma forte impressão. “Esses caras estão aterrorizando o estado de Rondônia. São invasões de propriedade, e toda invasão é crime, mas uma é uma situação extremamente grave, porque saem destruindo tudo, queimando casa, benfeitorias, currais, armazéns, banca de inseminação artificial, espancando funcionários da fazenda”, afirmou Nabhan ao Radar.
Nas palavras do secretário, o grupo — que surgiu em 1995 após o Massacre de Corumbiara, em dissidência ao MST — atua dentro da selva e tem seu modus operandi idêntico aos das Farc, da Colômbia. “Sem diferença alguma. Usam táticas de guerrilha e estão fortemente armados. Inclusive, segundo informações da segurança pública de Rondônia, encontraram várias cápsulas de fuzil 762 […] E serram pontes, destroem por baixo a estrutura para se alguma viatura da polícia passar a ponte cair. Enfim, é uma situação extremamente delicada”, declarou.
Na quarta-feira, movimentos populares divulgaram uma carta conjunta em defesa da LCP. “Estamos em um contexto de fascistização total do velho Estado, por isso não é de se surpreender que nesse momento o carniceiro Marcos Rocha, governador de Rondônia, e o genocida Jair Bolsonaro se unam para tentar de alguma forma acabar com a LCP com a desculpa de que estão ‘contendo o terrorismo'”, diz o documento, que rechaça as acusações e diz que os “ladrões de terra” os temem porque “não houve como parar os camponeses”.