Bolsonarista que forjou relatórios não terá vida fácil no TCU
Dois dos três integrantes da comissão -- os nomes foram revelados pelo Radar --, atuaram com ministros envolvidos em processos da pandemia
Alexandre Marques, o servidor bolsonarista que forjou relatórios do TCU sobre a pandemia, não terá vida fácil no processo disciplinar aberto contra ele pela chefe do tribunal, ministra Ana Arraes.
Dois dos três integrantes da comissão — os nomes foram revelados pelo Radar nesta segunda –, atuaram diretamente com ministros da Corte de Contas envolvidos em processos da pandemia. Em outras palavras, conhecem como poucos o material utilizado por Marques para inventar dados que acabariam sendo reproduzidos por Jair Bolsonaro.
O trio de servidores nomeado para tocar a sindicância é conhecido no tribunal pela capacidade técnica e pelo conhecimento do regramento da Corte. Como ocorre com todo bolsonarista apanhado em alguma irregularidade, só resta a Marques apresentar provas definitivas de que não cometeu os atos de que é acusado — ou será melhor pedir uma vaga em algum órgão internacional. Assessor de algum Weintraub nos Estados Unidos, talvez.
Márcio Albuquerque, presidente da comissão: auditor do TCU desde 2000. Bacharel em Direito e Mestre em Administração Pública. Tem experiência em diversas áreas do tribunal. Secretário de unidade especializada (SecexDefesa), Secretário-Geral Adjunto da Secretaria Geral de Administração do TCU e Secretário da Sessões do TCU — um dos postos mais estratégicos do tribunal, por lidar diretamente com todos os ministros nas sessões do plenário e orientar o presidente. Atuou no gabinete de Vital do Rêgo, que relatou temas da pandemia.
Frederico Goepfert: auditor do TCU desde 1998. Bacharel em Direito. Ocupou cargos de Secretário no TCU por mais de dez anos. Foi secretário da secretaria do TCU especializada na análise de contratos e licitações (Selog) de 2013 a 2019.
Pedro Oliveira: bacharel em Direito, mestre em Direito Constitucional, com cursos de especialização e pós-graduação. Já foi assessor de ministro do STJ, onde trabalhou com Processos Administrativos Disciplinares. Auditor do TCU desde 2004. Foi Assessor (de 2005 a 2007) e diretor (de 2007 a 2013) da Consultoria Jurídica do TCU. É atualmente Assessor do ministro Benjamin Zymler, relator dos casos da Covid no TCU, no qual o auditor Alexandre tentou orientar uma falsa linha de fiscalização.