Tino político de Roberto Campos Neto impressiona o Planalto
Presidente do Banco Central começa a ganhar espaço na agenda do governo
Quem tem um pouco mais de conhecimento econômico no Palácio do Planalto está impressionado com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. O entendimento é de que, em meio à tempestade causado pela pandemia, Campos Neto conseguiu evitar avarias à política monetária. Apesar de o mercado financeiro não morrer de amores por ele, o Planalto vê nisso justamente a qualidade de alguém que consegue conciliar as expectativas do mercado às necessidades políticas e econômicas do governo.
A posição firme de Campos Neto no episódio que culminou na quase demissão de André Brandão, presidente do Banco do Brasil, acabou por fortalecê-lo. Ele foi o primeiro a entrar em campo para negociar a permanência do executivo, mesmo quando o presidente Jair Bolsonaro já tinha decidido cortar-lhe a cabeça. Pode parecer contraditório, mas o Planalto passou a respeitar ainda mais o presidente do BC. Entendeu que Campos Neto, além de ter capacidade de comandar a autoridade monetária, tem tino político. O prêmio foi a inclusão de todos os pedidos do Banco Central na lista de prioridades que o Planalto encaminhou ao Congresso: 1) autonomia do Banco Central; 2) marco regulatório do mercado de câmbio; e 3) regulamentação dos depósitos voluntários remunerados.