Presidente da Vale é chamado a depor na polícia sobre caso Simandou
Polícia do Rio investiga possíveis crimes contra investidores
O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, foi chamado a prestar esclarecimentos pela delegacia de repressão às ações criminosas organizadas do Rio de Janeiro sobre a compra de minas de ferro em Simandou, na Guiné. O executivo foi convocado, em maio, para comparecer à delegacia no mês seguinte, em junho. Mas, segundo a Vale informou ao Radar Econômico, ele pediu para ser ouvido apenas em agosto “em decorrência de questões de saúde pública e em função de a delegacia não realizar depoimentos virtuais.”
O caso já foi dado como encerrado pela Vale, mas o magnata israelense Beny Steinmetz, que era dono das minas da Guiné, tem provocado as investigações no Brasil. Steinmetz perdeu um processo arbitral, em Londres, em que a Vale alegou ser vítima por não saber dos processos de corrupção que Steinmetz estaria envolvido. Quando a Vale foi executar a sentença, de cerca de 2 bilhões de dólares, em uma corte em Nova York, o empresário israelense começou uma contra ofensiva para tentar provar que a Vale não só sabia de tudo o que acontecia na Guiné como a empresa brasileira teria tentado alternativas pouco transparentes, sem informar aos acionistas. A Vale costuma dizer que Steinmetz só está tentando se esquivar do pagamento definido por um processo irrecorrível.
Mas uma investigação no Brasil poderia provar que a Vale sabia dos malfeitos e não teria sido transparente com seus acionistas. Bartolomeo seria uma peça-chave porque é um dos executivos que esteve presente nas negociações de compra das minas e ainda está na Vale. A Draco investiga o caso a pedido do Ministério Público do Rio.
*Na foto abaixo, Bartolomeo aparece em uma mesa em uma sala de reunião da antiga sede da Vale, no Rio, ao lado do então presidente da Vale, Roger Agnelli, e segundo fontes, justamente no dia da assinatura do contrato da Vale com a BSGR para a compra das minas de Simandou. Do outro lado da mesa, está Steinmetz sentado entre dois executivos da empresa BSGR. Do lado esquerdo, estão ainda Fábio Barbosa, José Carlos Martins (escondido pelo Roger) e Eduardo Ledsham. Agnelli e Barbosa já são falecidos. Ledsham e Martins não são mais executivos da Vale.