O que é SPAC, que está tentando fazer uma fusão com a Embraer?
VEJA Mercado: conhecidos como "IPOs de cheque em branco", os SPAC têm causado burburinho e podem fechar negócio com unidade de carros voadores da Embraer
Companhias com Propósito Específico de Aquisição (SPAC, sigla em inglês). O nome parece difícil, mas o conceito é fácil. SPAC é, basicamente, como um fundo de private equity só que o investidor não sabe onde está colocando o seu dinheiro. Parece loucura, mas quem aplica seus rendimentos em uma empresa SPAC não faz ideia de que tipo de ativo está comprando.
O objetivo, simples e direto, é que essa empresa SPAC adquira companhias e abra capital em bolsas de valores, mas o tamanho da companhia, o segmento, o país e o setor são informações que apenas os gestores do fundo tem conhecimento. “O retorno é a própria SPAC, na medida em que as companhias compradas pelo SPAC entram no mercado e conseguem valorização. Para todo risco, um retorno”, analisa Oscar Malvessi, coordenador do curso de Fusões e Aquisições da FGV. Tanto que o mercado financeiro classifica a SPAC como “um IPO de cheque em branco”, uma vez que o investidor não faz ideia da movimentação que o fundo vai realizar.
A primeira SPAC surgiu em 1990, nos Estados Unidos, mas a modalidade se popularizou apenas nos últimos cinco anos. Para se ter uma ideia, somente em 2020, foram realizados 248 IPOs SPAC nos EUA, que levantaram cerca de 83 bilhões de dólares.
No Brasil, a CVM deve apreciar sobre a liberação desse tipo de instrumento de investimentos em julho, mas casos envolvendo empresas brasileiras já têm chamado atenção do mercado. A Embraer, por exemplo, informou ontem que a Eve, startup de veículos elétricos de pouso e decolagem vertical (popularmente conhecidos como carros voadores), negocia com o SPAC americano Zanite para uma possível fusão que criaria uma companhia avaliada, sozinha, em 2 bilhões de dólares. A Embraer, para efeito de comparação, está avaliada em 2,5 bilhões de dólares.
E você, toparia investir numa SPAC?
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