Multiplan: “Selic a 5%, 6% ou 7% me faz abrir um sorriso atrás da máscara”
Vice-presidente financeiro da empresa lembra que queda dos juros se deu por baixa atividade econômica e que subida é considerada um movimento natural
O reajuste da Selic para 4,25% seguido de uma ata em que o Banco Central diz que pretende aumentar o ciclo de altas de 0,75 ponto percentual para 1 ponto percentual preocupou os investidores na bolsa de valores. Papéis de setores como o de construção e o de varejo reagiram mal à mudança porque juros mais altos podem deixar a tomada de crédito e financiamento menos atrativa. Contudo, o clima dentro de algumas companhias não é de muita preocupação. “Quando falamos em juros a 5%, 6% ou 7%, abro um sorriso por trás da máscara. Lembro da Selic a 40% nos anos 2000 e até dos 14,25% mais recentemente, aquilo sim era ruim”, pondera Armando d’Almeida, vice-presidente financeiro da Multiplan. “O que atrapalha é a volatilidade. Se tiver previsibilidade, uma taxa de juros nesse nível traz oportunidades de crescer, empreender e consumir”.
A Multiplan, assim como as demais companhias do setor, ainda sofre com os efeitos da pandemia. De longe, o lucro de 46,3 milhões de reais no primeiro trimestre do ano parece aceitável pelas circunstâncias, mas representa uma queda de 73,9% na comparação anual. Atualmente, a rede possui 19 shoppings em operação e um em construção.
A vacinação — sempre ela — é peça-chave para uma retomada mais agressiva do setor. “O shopping é um lugar de interação, ficamos animados quando vemos as notícias de reabertura em outros lugares. Vai chegar a nossa vez”, pontua d’Almeida. Sobre a concorrência com o digital, o executivo defende que comprar em lojas físicas mexe com o lúdico das pessoas, e ainda aponta que uma das estratégias da companhia é ir além do negócio de lojas e oferecer ao público a experiência de um comércio de rua dentro do shopping, com lavanderias, academias, clínicas e cabeleireiros à disposição dos clientes.