Brasileiros travam batalha judicial contra o grupo francês Publicis
Em processo de arbitragem, a multinacional de propaganda é acusada de dar um calote de 40 milhões de reais na aquisição de agência no país
O grupo francês Publicis, um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, está no meio de uma disputa de 40 milhões de reais com os ex-sócios da agência Espalhe, de publicidade, relações públicas e mídias digitais. O entrevero transcorre no tribunal arbitral da Câmara de Comércio Brasil-Canadá. O grupo francês é acusado de abuso de poder, falta dos deveres de fidúcia e de diligência e práticas de conflito de interesse. Os brasileiros venderam sua agência para a multinacional em 2013. Uma parte do pagamento foi efetuada no ato, mas o restante se dividiu em cinco parcelas anuais, calculadas sobre a lucratividade da empresa. O que acontece, no entanto, é que nenhuma das parcelas subsequentes à compra foi efetuada. Embora a receita da agência tenha crescido 27% no ano seguinte ao negócio, uma série de medidas consideradas desleais por parte dos ex-donos derrubaram sua lucratividade de 26% para 1%.
Não é um caso isolado no mercado publicitário brasileiro. Motivados por queixas parecidas, outras agências adquiridas por grandes grupos estrangeiros já recorreram aos tribunais após o contrato assinado — especialmente contra o grupo britânico WPP e o próprio Publicis. No caso da Espalhe, os antigos donos alegam que o conglomerado francês contribuiu de forma decisiva para a redução dos lucros, por exemplo, transferindo o principal cliente da agência vendida para outra pertencente ao mesmo conglomerado, também no Brasil, o que configuraria um conflito de interesses.