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Empresa usou nome de Alexandre Frota para vender máscaras ao governo Doria

Inquérito policial que investiga compra de máscaras sem licitação no começo da pandemia foi enviado à CPI da Covid

Por Josette Goulart Atualizado em 5 ago 2021, 17h28 - Publicado em 5 ago 2021, 13h28

Logo no começo da pandemia, o governo de João Dória, em São Paulo, foi alvo de denúncias de compras irregulares de máscaras e, passado mais de um ano, o caso ainda está sob investigação da Polícia Civil de São Paulo. Os documentos, no entanto, chegaram à CPI da Covid  e revelam agora o envolvimento de novos personagens. O inquérito, ao qual o Radar Econômico teve acesso, mostra que a venda teve a atuação de dois intermediários: a Smart Produções e a Fismatek. Uma ex-diretora da secretaria da saúde, Adriana Paschoalin, disse em depoimento à corregedoria do Estado que quando estava em busca de fornecedores para compra de equipamentos de proteção recebeu a ligação de  uma pessoa de nome Maurício, que se dizia assessor do deputado Alexandre Frota, e que dizia querer enviar uma proposta para a venda de máscaras. Ela conta que não sabe como ele tinha seu telefone. Maurício é Maurício Andreotti, representante da Smart Produções, que é uma empresa especializada em produção de vídeos e tem entre seu cast de apresentadores a esposa de Frota, Fabi Frota. Smart e Fismatek foram intermediárias para a Formed, esta sim uma empresa que vende equipamentos de proteção. Uma nota de empenho de 104 milhões de reais para a compra de 36 milhões de máscaras foi feita pelo governo de São Paulo em nome da Formed e o negócio estabelecia a entrega do primeiro lote de máscaras em 8 dias.

Com a nota de empenho, a Formed obteve inclusive um empréstimo de 5,6 milhões de reais do Banco do Brasil, que agora está sendo cobrado na Justiça. Mas o dono da Formed, o espanhol Manuel Nuno, disse em entrevista à coluna, que já tinha as máscaras para fazer a entrega quando teria sido surpreendido com a informação, que veio dos representantes da Smart, de que o governo estadual havia cancelado o contrato. Por parte do governo estadual, a justificativa para o cancelamento, dada em depoimento pela então diretora da secretaria, é que Maurício teria informado sobre dificuldades para a entrega da máscara da marca Medix no prazo combinado e propôs a entrega de máscaras de outras marcas, que foram rejeitadas pelo governo por não estarem de acordo com a qualidade acordada. 

Nuno, da Formed, diz que o contrato fazia menção a apenas especificações técnicas, não a marcas. Ele diz que é parceiro de longa data da Fismatek e que Maurício, da Smart, atuava como lobista. As duas empresas receberiam uma comissão de 5% sobre a venda. Mas com o cancelamento do contrato, o governo estadual nunca fez desembolsos. E este é, inclusive, o argumento usado para defender os envolvidos na compra, já que não houve prejuízo ou gasto de dinheiro público. O inquérito investiga possíveis crimes de lei de licitação já que as máscaras foram compradas com dispensa de licitação sob a justificativa de se tratar de uma compra emergencial para o combate à pandemia. 

Maurício Andreotti quando procurado pela coluna disse não saber do que se tratava o assunto. Andreotti teve o mesmo comportamento com a corregedoria. Ao ser contactado pelos corregedores, disse que não conhecia a empresa Smart Produções. Mas no inquérito, a corregedoria anexa as imagens de redes sociais em que Andreotti se apresenta como diretor da Smart. Também nas redes sociais, Fabi Frota diz ser apresentadora da Smart. O deputado federal Alexandre Frota, por meio do seu chefe de gabinete, disse apenas que não tem nenhum assessor de nome Maurício, mas não respondeu às perguntas sobre sua ligação com a Smart Produções. Os contatos com a Fismatek não deram resultado. A secretaria de saúde enviou nota dizendo que não desembolsou nenhum recurso para a compra destas máscaras e multou a Formed em 1,7 milhão de reais, por descumprimento de contrato. A defesa de Adriana informou apenas que ainda no primeiro semestre do ano passado, o Ministério Público arquivou o caso. 

Mas o  inquérito policial continua em aberto e ainda não chegou a nenhuma conclusão, pois está em fase de ouvir as testemunhas e investigados. No fim de julho, o inquérito foi prorrogado, com a anuência do Ministério Público do Estado. Os documentos chegaram à CPI da Covid, em maio, por conta de um requerimento feito pelo então membro da comissão, senador Ciro Nogueira, que hoje é ministro-chefe da Casa Civil.

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