Era para ser uma medida provisória que apenas criaria a câmara especial para lidar com a crise hídrica, mas os deputados podem transformar a medida em uma lei que pode acrescentar uma conta extra de 46,5 bilhões de reais para o consumidor. Como se o consumidor já não estivesse pagando a conta da escassez de chuvas, agora ainda vai ter que subsidiar os donos de térmicas a gás, pequenas centrais hidrelétricas, usinas de carvão e de usinas do Proinfa. Todos esses investimentos ficaram famosos e conhecidos como “os jabutis” da MP da Eletrobras. Naquela MP, que foi aprovada há alguns meses, os congressistas enfiaram, por exemplo, a obrigatoriedade de o governo contratar energia  de térmicas a gás, mesmo onde não tem gasoduto. O argumento era que cada empreendedor teria que vender a energia a um preço máximo, que já contemplaria o custo dos gasodutos.

Agora, o deputado Aldo Viana, do PSDB da Bahia, incluiu em seu relatório da  MP da crise hídrica, a de número 1055, os jabutis dos jabutis. No caso dos gasodutos, estabelece que os consumidores de energia elétrica devem pagar a conta dos investimentos. São 33 bilhões de reais em 15 anos, nas contas da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace). Mas ainda tem outros subsídios na nova MP: quase 3 bilhões de reais de subsídio para carvão, outros 700 milhões de reais ao colocar um preço teto na geração de PCHs, e ainda estende o Proinfa por 20 anos, uma conta de 8 bilhões de reais. E os empreendedores das PCHs ainda poderão aumentar em 10% a quantidade de energia: mais 2 bilhões de reais.