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Problematizando e cantando

Não posso deixar de declarar espanto por Mallu Magalhães ter sido apontada como racista pela Santa Inquisição das redes sociais

Por Mario Mendes Atualizado em 30 jul 2020, 20h52 - Publicado em 29 Maio 2017, 19h10

Certa manhã em Paris, viajando a trabalho, fui despertado pela TV do quarto de hotel com um daqueles estridentes canais musicais recheados de videoclipes. Acabei me interessando pelo pop francês que não temos muita oportunidade de apreciar por aqui. Vi pelo menos três ou quatro cantoras que lembravam, no visual e na pegada musical, a brasileira Mallu Magalhães. Jovens bonitinhas, figurino descoladinho, fiapinho de voz  entoando baladinhas simpáticas, acompanhadas por bailarinos animados ao fundo. Conclui que estamos em vantagem, temos apenas uma enquanto os franceses têm várias.

Pois bem, Mallu Magalhães não está entre os meus favoritos no YouTube e muito menos frequenta meu playlist no Spotify. Mas não posso deixar de declarar espanto por ela ter sido apontada como racista – pela Santa Inquisição das redes sociais principalmente – semana passada ao lançar o clipe Você Não Presta.

O amigo Jerônimo Teixeira já se pronunciou sobre o assunto em post de seu blog, minha observação, porém, é mais prosaica. O que temos no lançamento de Mallu é um sambinha à la Jorge Benjor – na medida para pista de bailinho hipster – emoldurado por figurino streetwear, locação arquitetônica  e um grupo de bailarinos fornecendo o swing que a cantora não possui – em tempos menos hipócritas e mais bem humorados diria-se que ela dança “samba de branco”. Curiosidade: era um truque na velha Hollywood quando alguma estrela descafeinada se via aprisionada em um número musical, providenciar bailarinos para rodeá-la e disfarçar seus dois pés esquerdos.

Pois bem, leio uma enxurrada de tolices pretensiosas, invocando superioridade moral, afirmando que a artista faltou com respeito em sua “representação dos negros” e mais todo aquele jazz equivocado que abusa de “empoderamento”, “lugar de fala”, “protagonismo” e outras mumunhas politicamente patetas.

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Daí eu pergunto: mas que representação dos negros? Os bailarinos são negros, não estão se fingindo de negros,  e executam uma coreografia enquanto rola a música. Ponto. Há passinhos, requebros e o velho e bom samba no pé. Nem mais nem menos. Nada que já não vimos desde sempre – aliás, Gretchen e Rita Cadillac balançaram bem mais o derrière e a família brasileira aplaudiu. Até o sempre invocado Emicida, paladino dos lugares de fala, naquele discurso enviesado cheio de palavras difíceis e plurais inexistentes, diz ter enxergado zero racismo no clipe.

Mas a gritaria foi geral e parece ter calado fundo em Mallu que, rápida no gatilho e munida de empatia, pediu sinceras desculpas a todos os ofendidos. Ora menina, não precisava. Você já diz tudo na canção: “Eu convido todo mundo para a minha festa, só não convido você porque você não presta’. Para bom entendedor… Atenção para o refrão.

Ainda no registro “raio problematizador” da semana que passou, teve o lado alegre da questão opressor X oprimido. No encontro da OTAN, realizado em Bruxelas, a foto das primeiras-damas presentes ao evento contou pela primeira vez com um primeiro-marido: Gauthier Detesnay, casado com o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel. Gritos, sussurros, suspiros e olhos rasos d’água por mais essa vitória contra o preconceito e a intolerância – menos na Casa Branca, aquele QG da maldade, onde o nome de Detesnay foi omitido na legenda da imagem. De novo: apenas uma foto oficial como veremos cada vez com mais frequência. Mas achei mesmo uma tremenda sacanagem com as caras-metade de Angela Merkel e Theresa May, que não foram convidados para o registro.

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