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Pode protestar e boicotar. Me impedir de ver, nunca

A arte vive de questionar "símbolos, crenças e pessoas". Um bom curador sabe bem disso tudo - inclusive por se tratar de enorme platitude

Por Adriano Silva
11 set 2017, 15h55

Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, país vizinho onde nasci, uma exposição de arte, chamada “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, curada pelo Santander Cultural, acaba de ser barrada, por força de protestos organizados pelo MBL – Movimento Brasil Livre (sic).

Alguns pontos sobre essa barbaridade (perdoe as obviedades).

1. Você pode protestar o quanto quiser. Pode discutir. Tentar me convencer. Boicotar. É seu direito. Mas não pode me impedir de ver – o que quer que seja. Nem de divergir da sua opinião. Esse é o meu direito.

2. Qualquer liberal sabe disso. E defende isso, acima de todas as coisas. O resto é totalitarismo. Seja de esquerda ou de direita. A sigla correta desses caras seria MBD. Ou MBC. Ou MBT. Ou MBF. Mas não pode ser MBL.

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3. O Santander Cultural, em nota, ao justificar o tiro na nuca da exposição, que ficaria aberta ao público até 8 de outubro, diz: “o [nosso] objetivo é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia. (…) Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana.”

4. O Santander Cultural é uma entidade privada e tem todo o direito de realizar a curadoria que quiser. Por isso mesmo capitular à sanha de censura e controle ideológico de uns sobre outros é um erro muito perigoso. Curadoria não serve para cabrestear o público. E não funciona com curadores no cabresto.

5. Não importa o conteúdo da exposição. Importa o direito à manifestação e ao diálogo – que devemos oferecer acima de tudo àqueles que pensam diferente de nós. Fosse uma exposição sobre a arte do Khmer Vermelho ou da Alemanha nazista, que me agredissem pessoalmente, e eu estaria aqui defendendo as portas abertas do mesmo jeito – como bom liberal.

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6. Por fim: a arte quase sempre implica “desrespeito e discórdia”, a arte vive de questionar “símbolos, crenças e pessoas”, a arte tem a única função de ser arte, e, portanto, não tem qualquer compromisso com a “inclusão, a reflexão positiva ou o enlevo da condição humana” e nem precisa estar circunscrita à visão de mundo do curador. Um bom curador, ou qualquer mero amante de arte, sabe bem disso tudo – inclusive por se tratar de enorme platitude.

Texto originalmente publicado por Adriano Silva, jornalista, escritor e empreendedor, no Facebook

 

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