Se ficar no governo, Beto Richa atrapalha projeto da família
Governador tem dado declarações de que pretende cumprir mandato até o fim, mas a permanência inviabilizaria candidatura do irmão e do filho
Na novela em que se transformou a possível candidatura do governador Beto Richa (PSDB) ao Senado há motivos aqui e ali para justificar qualquer uma das decisões a ser tomada pelo tucano, seja ficar no governo até o fim, seja disputar as eleições. Talvez o principal desses motivos esteja sendo pouco lembrado: a família. A legislação eleitoral impede a candidatura de parentes de primeiro e segundo grau de chefes do Executivo.
Eis o problema. O irmão de Beto e secretário de Infraestrutura e Logística do Estado, Pepe Richa, quer ser candidato a deputado federal. Em 2014, Pepe já abdicou da intenção de disputar o cargo para não complicar a formação dos palanques do irmão. Agora parece não ser o caso. Toda agenda de inauguração de obras da secretaria tem funcionado como uma espécie de pré-campanha para o secretário.
Do mesmo modo, Marcelo Richa, filho mais velho do governador, também está com a equipe na rua para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. Com o cargo de secretário de Esportes na Prefeitura de Curitiba, ele tem rodado os bairros periféricos e populosos da capital. Antes, no comando do Instituto Teotônio Vilela no Paraná (órgão de formação política do PSDB), Marcelo aproveitou a estrutura da máquina partidária para andar pelo interior e firmar alianças.
No caso de Marcelo, pesa ainda o apoio da mãe, Fernanda Richa. A primeira-dama e secretária da Família e Desenvolvimento Social é uma entusiasta e conselheira da candidatura do filho. A influência dela nas decisões de Beto sempre foi grande e o poder dentro do governo cresceu especialmente no segundo mandato. Aliados do casal, inclusive, veem Fernanda como possível candidata à Prefeitura de Curitiba em 2020. Se ficar no Palácio Iguaçu, portanto, Beto estaria indo contra a vontade do irmão, do filho mais velho e da esposa.