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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens paranaenses. Por Guilherme Voitch, de Curitiba
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Richa repassou R$ 4,3 mi a deputados em caixa dois, diz delator

Segundo Maurício Fanini, o tucano confessou ter repassado dinheiro para a campanha de Fernando Francischini (PSL), Ricardo Barros (PP) e Alex Canziani (PTB)

Por Guilherme Voitch Atualizado em 26 jul 2018, 18h17 - Publicado em 26 jul 2018, 17h58

Em novo trecho de sua proposta de delação premiada obtida por VEJA, o engenheiro Maurício Fanini, ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná, afirma que o ex-governador Beto Richa (PSDB) repassou pelo menos 4,3 milhões de reais em caixa dois para três candidatos a deputado federal na eleição de 2014: Fernando Francischini (hoje no PSL e na época candidato pelo Solidariedade), Ricardo Barros (PP) e Alex Canziani (PTB). Os três integravam a coligação que elegeu Beto governador. Fanini está preso desde setembro do ano passado e é personagem central da operação Quadro Negro, que investiga fraudes em licitações para a construção de escolas no Paraná.

Segundo Fanini, a conversa ocorreu em uma reunião de trabalho, em um sábado, na casa do tucano: “Ele me mostra, veja aqui o papel, indignado: ‘Ó, 800 mil reais tive que arrumar aqui para o Francischini, Solidariedade. 2 milhões de reais aqui pro Ricardo Barros, ele me mostra assim. Os nomes que eu lembro na época. 1,5 milhão de reais pro Canziani, para ter o PTB. Então veja como é a política. Política é assim. Tem que arrumar dinheiro. E tudo dinheiro vivo’. Então ele fala do Canziani, do Ricardo Barros e do Francischini”.

Fanini é então questionado pelo promotor se aquilo se tratava de compra de apoio político. O engenheiro responde que sim: “Compra de apoio político em caixa dois. Caixa dois. Tudo em dinheiro vivo. Não era nada em caixa um”.

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Relações políticas

Os três parlamentares se elegeram e mantiveram relações políticas com Richa nos últimos anos. Francischini chegou a deixar a Câmara para assumir a Secretaria de Segurança Pública do tucano. Barros, que ocupou o Ministério da Saúde no governo de Michel Temer, é marido da atual governadora Cida Borghetti (PP), que assumiu o cargo depois da renúncia de Richa. O PTB de Canziani também apoiou o ex-governador. Richa e Canziani inclusive eram os dois candidatos ao Senado de uma coligação que teria Cida como candidata ao governo. Um racha político no grupo deixou a situação indefinida.

Fanini

Amigo de Beto Richa desde a faculdade, Maurício Fanini foi o responsável por acompanhar e fiscalizar a construção e a reforma de escolas em todo o estado do Paraná durante cinco anos do mandato do tucano. O ex-diretor da Secretaria da Educação é considerado peça-chave na engrenagem da corrupção desbaratada pela Operação Quadro Negro, que investiga fraudes nas obras da pasta.

O engenheiro ficou no cargo até 2015, quando o Ministério Público identificou sua participação em um esquema que teria desviado mais de 20 milhões de reais da secretaria. Detido atualmente em Brasília, Fanini ainda negocia seu acordo de colaboração premiada.

As investigações revelaram que empreiteiras contratadas pelo estado eram beneficiadas por artimanhas que iam de medições falsas das obras a aditivos contratuais desnecessários. Em troca, as empresas pagariam propinas a Fanini, que repassaria o dinheiro a diversos políticos, entre eles o ex-governador e amigo Beto Richa.

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Outro lado

Em nota, Beto Richa diz manter as afirmações que fez anteriormente “por ocasião do vazamento criminoso da proposta de delação, que não foi aceita tanto pelo Supremo Tribunal Federal quanto pela Procuradoria Geral da Republica, do sr. Maurício Fanini”. Diz Richa: “Não faço parte desta cena deplorável, onde criminosos confessos buscam envolver pessoas inocentes em crimes que somente eles praticaram. O que esse criminoso pretende? Ora, a resposta é muito simples! Pretende conseguir a redução da pena a que certamente será condenado pelos crimes cometidos e já confessados à Justiça. Portanto, está mais do que explicado porque Fanini tenta delatar tudo e todos, sem, no entanto, apresentar quaisquer indícios de provas… Repito: é uma declaração criminosa, sem provas, que busca apenas confundir as pessoas. Espero que a Justiça apure e esclareça rapidamente essa questão, para que os culpados sejam punidos de forma exemplar”, disse.

Fernando Francischini refutou as declarações de Maurício Fanini e afirmou que irá acionar judicialmente o delator: “Mais uma vez, às vésperas da eleição, tentam colocar meu nome em um escândalo fabricado, típico ‘Fake News’. Todos sabem quem são os criminosos envolvidos na Quadro Negro. Os bandidos de colarinho branco já tentaram fazer o mesmo em outra delação para me constranger. E logo a verdade veio à tona! Sou Delegado da Polícia Federal, estou do outro lado da algema. Já entrei com uma ação criminal contra o suposto delator e interpelei todos os citados nesta montagem. Todos negaram os fatos narrados. Vou continuar denunciando estes bandidos, não vão me fazer parar!”, afirmou, por meio de nota.

A assessoria de imprensa do deputado Ricardo Barros (PP) informou que o parlamentar rechaça a acusação baseada em “ouvi dizer que” e afirma que não houve nenhuma negociação financeira envolvendo o apoio às campanhas eleitorais do ex-governador Beto Richa. “As negociações de apoio sempre ocorreram no âmbito político. Nesta eleição citada (2014) o grupo político buscava o espaço de vice-governador na chapa, o que de fato ocorreu.”

Canzini também negou qualquer negociação em caixa dois. “Sobre esta questão, informo que não houve nada, não pedi nada e não foi dado nada no que diz respeito ao que está sendo falado! O depoente não apresenta provas. Ele tem que simplesmente falar a verdade, e não montar depoimentos ‘mudando versão’ ou ‘mudando estratégia’, como ele menciona! Neste último depoimento, ele também muda o que tinha dito antes falando algo novo que não estava nem na proposta de delação. Por que ele não constou isso no acordo de delação? Muito estranho este depoimento, porque eram 16 ou 17 partidos que estavam apoiando e ele vem falar exatamente do marido da governadora e de dois pré-candidatos ao Senado. Qual o interesse que está por trás?”

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