Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Paraná Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por VEJA Correspondentes
Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens paranaenses. Por Guilherme Voitch, de Curitiba
Continua após publicidade

Parlamentar que troca apoio por cargo deveria se preso, diz senador do PR

Estreante na política, Oriovisto Guimarães, senador mais votado do Paraná diz que vai votar em Jair Bolsonaro mas promete independência no Congresso

Por Guilherme Voitch Atualizado em 30 jul 2020, 20h13 - Publicado em 27 out 2018, 14h27

Fundador e sócio do Grupo Positivo por quarenta anos, Oriovisto Guimarães (Podemos), 73 anos, fez sua estreia na política recebendo 29% dos votos válidos na eleição para o Senado. Terminou na primeira colocação, à frente de Flavio Arns (REDE), deixando sem mandato dois pesos pesados da política paranaense, o senador Roberto Requião (MDB) e o ex-governador Beto Richa (PSDB).

No Senado, Guimarães promete ser um defensor da Operação Lava Jato, com foco no combate à corrupção. Diz que irá votar em Jair Bolsonaro (PSL) mas promete independência em relação ao novo presidente. “Quem pede cargo para apoiar um presidente deveria ser preso”.

O senhor concorreu ao Senado contra dois ex-governadores, políticos tradicionais do estado. Por que acha que os eleitores elegeram o senhor?
Eu era conhecido como empresário aqui no Paraná, como reitor da Universidade Positivo e presidente do Grupo Positivo. Mas sempre li muito e me interessei muito sobre política. E eu fiz um diagnóstico da situação. Parecia claro que havia um divórcio entre a classe política, o que ela fazia, e o dia a dia da população. Um dos pontos que mais me chamavam a atenção dizia respeito à Operação Lava Jato, o que ela significou para o Brasil, que revelou esse outro lado da Lua, esse conluio entre empresários corruptos e políticos igualmente corruptos. Eu achava impressionante que os parlamentares não tinham atitude coerente com isso. As 10 Medidas Contra a Corrupção, por exemplo, que foi um projeto que mobilizou a sociedade, com milhões de assinaturas. Aí no Senado foram lá e fizeram uma Lei de Abuso contra a autoridade. O senador Roberto Requião (MDB) era um dos relatores, inclusive, e fizeram uma lei que era exatamente o oposto do que a sociedade estava pedindo. Então a partir desse fato cristalizou na minha cabeça um divórcio total. Não se tratava de ideologia, ou de esquerda e direita, e sim de não desviar dinheiro público. É questão de ser honesto. Desviar dinheiro público é condenável, seja em governo de direita ou de esquerda. Então peguei muito nesse ponto. Senti que havia vontade da sociedade em renovar e ter outro tipo de Parlamento. Bati muito nisso e acho que fui bem entendido pela população. Em trinta dias saí de 1% para 29%. Naquelas primeiras pesquisas em que eu aparecia com 1% eu via e pensava “Meu Deus, nunca vou chegar lá”. De qualquer forma eu queria plantar uma semente. Se não fosse eleito eu queria usar o tempo na televisão para plantar algumas ideias. Deu certo.

O senhor será um defensor da Operação Lava Jato?
Esse é o ponto número um da minha atuação no Senado. Não consigo conceber uma família, empresa ou país que possa dar certo onde existem pessoas que mentem e que roubam. Isso desmonta qualquer partido, qualquer organização social. Isso é fundamental, mas temos de prestar atenção no desperdício derivado da má gestão, de privilégios. A má gestão inclusive é mais difícil de ser combatida que a corrupção. A corrupção você pode contar com o Ministério Público Federal, Polícia Federal, entre outros.

Continua após a publicidade

E para além do combate à corrupção?
Primeiro quero lastimar um pouco que na nossa campanha presidencial os reais problemas brasileiros não estão sendo discutidos. Nós estamos assistindo muito uma guerra um pouco ideológica entre direita e esquerda e nenhum lado está apresentando soluções para os problemas que temos. As grandes reformas, a reforma da previdência. Entendo que seja difícil tratar disso no programa eleitoral mas pode se tratar disso em entrevistas para a televisão, por exemplo. Mas ninguém está tratando disso. O que está sendo tratado são acusações de lado a lado. É fascista. É comunista. É aquela brincadeira. Se você quer brigar com alguém por política, brigue até domingo. Na segunda-feira acaba tudo e precisamos começar a pensar no país. Esse país precisa voltar a crescer e precisamos fazer as reformas necessárias. Precisamos da reforma do estado. Quais são realmente necessárias. Há um trabalho muito sério a ser feito. Eu acredito que as coisas se esgotam. Nós temos um encontro marcado com a verdade. Teremos de pensar o país em profundidade. Temos de fazer uma nova receita de país.

Muitos políticos do Podemos estão apoiando a candidatura de Jair Bolsonaro. Qual sua posição sobre a candidatura dele?
Não é o candidato dos meus sonhos. No primeiro turno eu estava com o Alvaro Dias. Mas agora ele não conseguiu sucesso. Temos de entender que é um novo momento. Entregar novamente para o PT depois de tudo que o fizeram? Isso não passa pela minha cabeça. Não votarei no PT.

E se o Bolsonaro sair vencedor, como indicam as pesquisas, qual posição o senhor vai seguir no Senado?
Pessoalmente te digo minha posição. Tem uma coisa que está esquecida no país que é a independência dos Poderes. Ninguém tem poder absoluto. Em uma ditadura o Poder Executivo consegue cooptar o Legislativo. Esse é o primeiro passo. O segundo passo é corromper o Poder Judiciário. Então quando acaba a independência dos Poderes acaba a democracia. Precisamos de independência dos três Poderes. O Legislativo precisa ser poder independente, que apoie, mas que se oponha quando entender que é necessário. Sou advogado dessa independência. Aliás, pra mim, quando um parlamentar chega para o presidente e diz “olha, pra votar com você eu quero a diretoria financeira dos Correios, da Petrobras”, ele deveria ser preso. Por que ele quer uma diretoria dessa? Por quer cargo? Para fazer política partidária e fundo para campanha, para fazer corrupção. Quando ocorre essa cooptação, acaba a independência.

O senhor apoiou a candidatura de Ratinho Junior. O que espera dele?
Eu já o conhecia. Tinha um convívio mais superficial. Tive a oportunidade de conviver com ele e para mim foi uma agradabilíssima surpresa. Na campanha eu aprendi a respeitar o Carlos Massa Júnior. Acho que ele está com propósitos relevantes. Ele está preparado e acho que estudou muito. Tem um discurso que bate com minhas ideias. Fala em enxugar a máquina e reduzir privilégios. Aliás, minha postura será a seguinte. Vou aceitar o salário, embora eu não precise, mas preciso ser igual aos demais e fazer valer esse salário. Mas privilégio eu não aceitarei nenhum. Auxílio-saúde, moradia, nada disso. Serei lutador para que Congresso Nacional acabe com isso. Isso é marco civilizatório.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.