Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Vanguarda iluminada

Esquerda derrotada

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 19h34 - Publicado em 17 jul 2019, 11h00

O aglomerado de esquerda formado pelo Partido dos Trabalhadores e assemelhados (PSOL, PC do B, PDT e PSB) sofreu mais uma grande derrota política, a quarta nos últimos três anos, com a aprovação de forma arrasadora da Reforma da Previdência. Desde o impeachment de Dilma Rousseff, passando pelo desastre nas eleições municipais de 2016 e a eleição de Jair Bolsonaro na disputa presidencial do ano passado, essa esquerda enveredou em um beco sem saída e tem sido incapaz de rever sua estratégia, embora existam motivos mais do que suficientes para repensar seus caminhos.

Esperava-se que dessas derrotas fosse surgir uma oposição inteligente e construtiva, necessária, capaz de morder, mas também de assoprar quando fosse o caso. Por meio de uma estratégia de acúmulo poderia sair do gueto no qual submergiu em função de fazer do “Lula Livre” o centro da sua luta política.

No caso da Reforma da Previdência, a estratégia aconselharia uma postura pragmática: procurar aperfeiçoar o parecer do deputado Samuel Moreira, em vez de rejeitá-lo em bloco. Até para não se isolar ainda mais na sociedade que apoia majoritariamente a proposta.

Como demonstrou o Datafolha, houve uma mudança significativa da opinião pública: no governo Temer, 71% dos brasileiros eram contrários à reforma previdenciária, agora há uma maioria favorável. Fica fácil, portanto, entender o placar favorável na votação da Câmara.

Como se julga uma vanguarda iluminada, detentora da verdade absoluta, não há autocrítica a fazer. A culpa da derrota é jogada nas costas da sociedade que estaria anestesiada e “não entendeu a reforma da Previdência”, segundo o líder da oposição, deputado Alessandro Molon, do PSB. Piamente, o parlamentar acredita que mais à frente os brasileiros despertarão e darão razão à sua “vanguarda”. Mas o que se pode esperar de quem considera que a oposição saiu maior da votação na Câmara?

Continua após a publicidade

Como está sempre com a razão, esta esquerda considera como herege e sujeito à inquisição partidária quem, no interior de suas fileiras, diverge da “linha justa”. A deputada Tabata Amaral – tida por muitos como sendo um sopro de renovação da política brasileira- corre o risco de ser sumariamente expulsa do PDT por ter votado em desacordo com a determinação da burocracia partidária.

Junto com ela, mais sete deputados pedetistas. O mesmo pode acontecer com onze parlamentares do PSB, por também terem votado favoravelmente à reforma. Entre os inquisidores de Tabata está o cacique Ciro Gomes, cujo histórico de fidelidade partidária não é exemplo para ninguém.

O PDT e PSB querem resolver pela via administrativa um problema de natureza essencialmente político. O tamanho de sua dissidência, cerca de um terço de suas bancadas, recomendaria prudência e não fechar questão contra a reforma.

Seus “dissidentes” não estão sozinhos, expressam o pensamento de uma “esquerda positiva” que vai além das fronteiras partidárias.  Há segmentos que entendem ser impossível enfrentar a desigualdade social em um quadro de desequilíbrio das contas públicas, até porque a expansão dos gastos correntes tem sido um fator de transferência de renda para os mais favorecidos e de perpetuação de privilégios.

Continua após a publicidade

Esse é o debate a ser enfrentado, ao qual a “esquerda negativa” se recusa a travar. Como “iluminados”, seus dirigentes querem expurgar quem não reza por sua cartilha, apelando para o “centralismo”, instrumento tradicionalmente utilizado por partidos de corte stalinista. A condenação, via de regra, é o instrumento para quem se julga infalível e não sabe conviver com a divergência.

Afinal, é mais cômodo demonizar dissidentes do que refletir sobre os próprios erros.

 

Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo  

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.