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Por Coluna
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Tia Iaiá e a Intercept

“Dalton fez plano de lucrar com imagem da Lava Jato”

Por José Paulo Cavalcanti Filho
Atualizado em 30 jul 2020, 19h34 - Publicado em 19 jul 2019, 11h00

Tia Iaiá era irmã de Dom Mota, arcebispo de São Luiz. E de Mauro Mota, nosso imortal da ABL. Uma Filha de Maria que punha no alto das cartas, quando escrevia, o que sentia da cidade onde morava: São Luiz, cidade pagã. Confessava-se todos os dias.

Quase surda, e falando sempre em voz alta, o padre pediu que passasse a pôr num papel seus pecados mortais diários. Para que outros fiéis não soubessem quais eram. Em troca lhe passaria, noutro papel, a penitência – que já tinha pronta, num canto do confessionário, Rezar 3 Padre Nossos e 3 Ave Marias.

Dando-se que Mauro encontrou, no missal dela, uma lista dos tais pecados. Eram três: 1. Olhei para trás na missa. 2. Não rezei o rosário completo. 3. Tentativa de mau pensamento. Essa história me foi contada pelo próprio. E Marly confirmou.

Pensei em tia Iaiá, com sua “tentativa de mau pensamento”, ao ler a Folha de São Paulo. Principal manchete de Domingo, no alto da primeira página, era “Dalton fez plano de lucrar com imagem da Lava Jato”.

Lá estava que o procurador Dallagnol, e um colega, teriam pensado em criar empresa para dar palestras. Só tentativa, pois. Como a de tia Iaiá. Sem dizer que essa empresa nem foi criada. É inacreditável.

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Uma não notícia que virou manchete de primeira página. E acabou reproduzida em outros jornais, nos dias seguintes. Na técnica de fazer estardalhaço, sugerindo haver sempre algo errado por trás.

“O caso eu conto/ Como o caso foi/ Porque homem é homem/ E boi é boi”, seguindo a quadrinha nordestina. O que há de verdade (pobre verdade, hoje tão insultada), no caso, são supostas gravações. Que nunca se provou existir.

Que não foram objeto de perícia, para comprovar se acabaram adulteradas. Que não valem como prova (a jurisprudência do Supremo é tranquila). E que não revelam qualquer conduta censurável.

Lembro Fernando Pessoa (no Desassossego), “A leitura dos jornais, sempre penosa do ponto de ver estético, é-o frequentemente também do moral”. Pois é.

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Sempre acreditei que razão tinha Maquiavel (em O Príncipe), ao dizer que a história se repete. Só que neste caso, pelo menos, a razão parece estar mais com Marx (18 Brumário), para quem se repete só como farsa.

Tentativa de criar empresas de palestras é como a de mau pensamento. Nem pecado é. O Brasil está ficando complicado. Os velhos jornais já morreram. E os novos, ainda não nasceram.

José Paulo Cavalcanti Filho

jp@jpc.com.br

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