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Temer derrapa feio mais uma vez (06/01/2017)

Memórias do blog

Por Ricardo Noblat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jan 2018, 11h00 - Publicado em 6 jan 2018, 11h00
Michel Temer, presidente da República (Marivaldo Oliveira/Código 19/Estadão Conteúdo)

Depois de um longo silêncio de quatro dias sobre a chacina de presos em Manaus, o presidente Michel Temer perdeu ontem uma extraordinária oportunidade de continuar calado. Pelo menos a levar-se em conta o que disse durante reunião com um grupo de ministros. Disse sobre a morte e o esquartejamento de 56 presos:

– Eu quero mais uma vez solidarizar-me com as famílias que tiveram os seus presos vitimados naquele acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus. Nossa solidariedade, portanto, é uma solidariedade governamental e, tenho certeza, apadrinhada por todos aqueles que aqui se acham.

Na boa: por mais competente que seja não há comunicação de governo capaz de favorecer um presidente que chama de “acidente pavoroso” o que está longe de ter sido um acidente. Pavoroso, foi. Mais do que pavoroso: foi um horror, um crime bárbaro, que remete às práticas de aniquilamento usadas pelo Estado Islâmico.

Como chefe da Igreja Católica, e chefe do Estado do Vaticano, o Papa Francisco referiu-se à chacina como um “acontecimento” que provocou sua tristeza e preocupação. Não lhe cabia adjetivá-lo. Ou ele não quis fazê-lo por prudência ou recato. Mas a Temer cabia chamar o que aconteceu pelo seu nome certo – chacina, massacre, tragédia.

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Acidente é um episódio casual, fortuito, imprevisto, como ensinam os dicionários. Num dos países mais violentos do mundo onde mais de 50 mil pessoas são mortas a cada ano e 11 Estados registraram decapitações desde a rebelião no complexo penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, em 2013, acidente pode ter sido a ascensão de Temer à presidência.

Não se atribua o que Temer disse a uma mera infelicidade na escolha das palavras. Ele é um homem culto, de letras. Sabe manejas as palabras com propriedade, e disso já deu mostras à farta. Ao taxar de “acontecimento pavoroso”, ele quis claramente isentar seu governo de qualquer responsabilidade com o acontecido, e minimizá-lo.

Por recente, é razoável que não se ponha na conta do governo Temer as 56 mortes de Manaus. Elas devem ser debitadas de preferência na conta do atual governo do Estado, nas contas dos que o antecederam e dos governos federais passados que nada fizeram para enfrentar a tragédia de um sistema carcerário desumano que só alimenta o crime organizado.

Mas ao ser obrigado, mesmo com atraso, a tratar do problema, Temer o fez de maneira profundamente infeliz, insensível e desastrosa. Pesou nisso tudo o cálculo político. Faltou-lhe consciência à altura do cargo que ocupa.

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