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Rasputins

Como o Rasputin dos Romanov, Olavo de Carvalho manda muito na era Bolsonaro.

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 19h53 - Publicado em 20 mar 2019, 12h00

Grígori Iefimovritch Rasputin, um camponês rústico da província siberiana de Tobolsk, mandava muito na Rússia dos czares Nicolau e Alessandra Romanov. Não tinha cargo algum no governo, mas fazia e desfazia ministros. Seu fanatismo religioso e seu discurso fundamentalista em defesa da monarquia eram música para os ouvidos da família imperial. Sabia como ninguém usar intriga, bajulação, ignorância, mentira e fraqueza humana para a expansão de sua influência na Casa dos Romanov.

Era também um embusteiro de vida devassa, grosseiro e de vocabulário chulo. Disfarçava sua alma degenerada se apresentando como um “homem de Deus”, em cruzada contra os infiéis. Mais temido do que adorado, a corte inteira o adulava. Pobre de quem não caísse em sua graça.

Rasputin virou sinônimo de personalidades obscuras que, em circunstâncias especialíssimas de crise e degradação de valores, arrastaram seus países para aventuras com desfechos trágicos.

No governo de Isabelita Perón, José Lopes Rega (”El Bruxo”) era chamado de “Rasputin argentino”. Ex mordomo do casal Perón, construiu seu poder manipulando a personalidade fraca da viúva de Perón, uma adepta do ocultismo. O Rasputin portenho fundou a famigerada AAA – Associação Anticomunista Argentina -, que mergulhou o país em um mar de sangue.

Como o Rasputin dos Romanov, Olavo de Carvalho manda muito na era Bolsonaro.  E como Lopes Rega faz de sua cruzada anticomunista uma ferramenta para se impor na corte que hoje manda no Brasil.

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As semelhanças não param aí. Seu poder decorre das relações privilegiadas com a nova família real, para usar uma expressão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E abusa das armas da intriga, bajulação, ignorância, mentira e fraqueza humana para estender seus tentáculos sobre todo o governo. Eles chegam até o presidente por meio de seus filhos ou pelas redes sociais. No gabinete presidencial instalou um discípulo seu, Filipe Martins, na estratégica função de assessor internacional do presidente.

Diretamente, fez os ministros da Educação e das Relações Estaduais, dois bunkers da ala radical do Bolsonarismo.

Pobre de quem cai em desgraça com ele. O ministro da Educação, Vélez Rodriguez, está por um fio desde o “ponham-no pra fora” de Olavão. A senha foi dada, com Olavo deixando de reconhecer a paternidade da nomeação de Vélez para o MEC. A ala pragmática e técnica do Ministério foi defenestrada desde que o presidente entregou em uma bandeja a cabeça de Luiz Antônio Tozi, exigência do líder da cruzada ideológica do Bolsonarismo.

Todos o temem, todos o bajulam. Brilhou mais do que Bolsonaro no jantar na casa do embaixador brasileiro em Washington. Paparicado por todos sentou-se bem ao lado do presidente, como se fosse a segunda maior autoridade presente. O ministro Paulo Guedes não poupou hiperbolismo ao chamá-lo de líder da “revolução liberal”.

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Assim como Rasputin desafiava nobres com bastante influência na corte czarista, sua versão brasileira sente-se suficientemente forte para comprar briga com o núcleo mais consistente do governo, os militares.

Por meio de uma linguagem grosseira e absolutamente imprópria, os chamou de “cagões e golpistas”, pregando abertamente que Bolsonaro se livre deles. Do contrário, disse, seu governo acabará em seis meses. Nutre ódio particular ao vice-presidente Hamilton Mourão, a quem, dos Estados Unidos, xingou de estúpido. Em defesa da “pureza” da “revolução bolsonariana” acusa o general de aliado de Nicolàs Maduro e de representar a infiltração comunista no governo.

Olavo de Carvalho seria apenas uma figura caricata a enriquecer o folclore político nacional se por trás do seu histrionismo não existisse o risco de, por sua influência, arrastar o país para aventuras extremamente perigosas.

A história está aí para provar que Rasputins sempre fizeram mal aos seus países.

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