A confirmar-se que o Supremo Tribunal Federal já conta com maioria de votos para suprimir o direito de a segunda instância da Justiça prender réus que condenou, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria a um passo de ir para casa sem tornozeleira eletrônica e nenhum outro tipo de restrição.
O ministro Dias Toffoli anunciou que porá em votação ainda este mês, e de uma vez só, a prisão em segunda instância e a aprovação da tese que pode limitar os efeitos da decisão do tribunal de anular duas sentenças da Lava Jato. A anulação se deu em casos de réus delatados ouvidos depois de réus delatores, o que os prejudicou.
A sentença que condenou Lula no processo do tríplex do Guarujá, e que foi responsável por sua prisão, ainda não transitou em julgado. Há recursos da defesa à espera de exame nos tribunais superiores. Réu em quase uma dezena de processos, Lula poderá ser solto e no momento seguinte devolvido à cadeia.
Mas enquanto estiver livre voltará a influir na política brasileira para o bem ou para o mal. Em recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-presidente Michel Temer admitiu que não teria havido impeachment se Lula tivesse tomado posse como chefe da Casa Civil do governo Dilma. A Justiça não deixou.
Resta saber que Lula sairia da cadeia em Curitiba. Um Lula magoado, ressentido, e disposto a reconquistar a qualquer preço o protagonismo que perdeu? Ou um Lula mais sábio e amadurecido pela reclusão forçada, interessado em construir uma saída negociada para a polarização política que tanto mal faz ao país?
Ao presidente Jair Bolsonaro e à sua turma, a liberdade de Lula já não provoca medo. Eles só sabem sobreviver à base de conflitos. Aproveitarão a oportunidade para radicalizar o discurso e as ações às vésperas de novas eleições municipais, e carregando o fardo de uma recuperação econômica que se arrasta a passos de tartaruga.