Em um dos dias mais infernais da história do país, o que pretendeu Michel Temer ao voar de Brasília à cidade de Porto Real, no Rio de Janeiro, para a cerimônia de entrega de 369 carros ao Ministério dos Direitos Humanos e à Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente? E de lá voar a Belo Horizonte para a comemoração do Dia da Indústria?
O ministério e a secretaria contemplados com os carros funcionam em Brasília. A cerimônia em Porto Real durou apenas 20 minutos. Ele entrou mudo e saiu calado quando lhe perguntaram sobre a greve dos caminhoneiros. Em discurso, disse a certa altura: “Devo registrar que o fato mais importante do dia de hoje foi estar aqui com os senhores”.
Deve ter sido mais um lance genial de marketing, depois de “O Brasil está de volta – 20 anos em 2”. Vai ver quis passar a falsa imagem de um governante plenamente senhor da situação. Ou – quem sabe? – de responsável por um governo moderno e bem azeitado a ponto do seu titular ausentar-se do centro do poder sem receios mesmo em horas tão dramáticas.
De Temer, se poderá dizer que parte da crise viajou com ele. De Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado, que fugiu da crise para participar de uma solenidade no seu Estado. Dado ao vexame, foi obrigado a retornar a Brasília. O país está em boas mãos.