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Pra não dizer que não falei de flores

Curtir a felicidade da busca é ter projeto coletivo de sociedade

Por Chico Alencar
Atualizado em 26 jul 2018, 16h00 - Publicado em 26 jul 2018, 16h00

A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América do Norte, de 1776, afirmou o “direito à busca da felicidade”. Outro dia ouvi que um filósofo alemão – além dos gregos, os alemães também são craques em filosofar – propõe, nos ásperos tempos em que vivemos, uma alteração, louvando a… felicidade da busca! Antes dele, cujo nome esqueci, o velho Marx já proclamara que “a ideia da felicidade está na luta, mais que na conquista”.

Constato que é isso mesmo: felicidade plena nunca alcançaremos, a não ser no plano utópico da vida após nossa vida terrena, para quem crê. Por aqui, a felicidade possível é um estado gostoso e passageiro. Um céu azul sujeito a chuvas e tempestades. Nossa condição humana é esta, de precariedade, mas revoltar-se contra isso só traz mau humor, cara amarrada e até depressão. Como ensinou mestre Vinícius de Moraes (1913-1980), que curtiu como poucos a existência (e também tinha seus pesados momentos de baixo astral e ressaca), “é melhor ser alegre que ser triste/ a alegria é a melhor coisa que existe”.

Sim, o mais importante é a felicidade da busca. É ter satisfação de estar a caminho, de batalhar sempre. Manoel de Barros (1916-2014) sabia louvar isso: “a maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado”. Procurar já é um começo de encontrar. E estar em movimento, atrás da tal felicidade, já é ser um pouquinho feliz.

Sentir felicidade na busca é ter pique e ânimo para superar dificuldades, para melhor viver. Viver que é necessariamente com-viver, viver com os outros, conviver. Como aprendemos logo que deixamos a primeira infância, mesmo sem conhecer a sexagenária bossa nova, “é impossível ser feliz sozinho”. A melhor educação é a que gera descentramento, percepção da alteridade, do outro que me complementa. Outro que é meu meio humaníssimo de realização, não o adversário a ser abatido. As mãos das crianças precisam ser educadas para o toque da amizade, da ternura, não para o gestual que destrói. Saudades do Henfil (1944-1988): “amar os amigos, desarmar os inimigos”.

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Curtir a felicidade da busca é ter projeto coletivo de sociedade e aspirar deixar a humanidade um pouco melhor depois da nossa passagem. É sair do mundinho cinza e fútil do individualismo e da ideologia do consumo contínuo como regra de vida.

Isso de felicidade na busca me faz relembrar o antropólogo, escritor, ministro e senador Darcy Ribeiro (1922-1997): “sou um homem de causas, vivi sempre pregando, lutando como um cruzado pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas”.

*Chico Alencar é professor, escritor e deputado federal (PSOL/RJ) 

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