Basta que a Seleção vença seus primeiros dois jogos e apresente um bom futebol para que o aparente desinteresse do brasileiro por mais uma Copa do Mundo comece a ser varrido do mapa. Foi sempre assim desde que comecei a acompanhar as copas no remoto ano de 1958 com nove anos de idade.
Meu pai e o pai dele haviam saído de ônibus do Recife para assistirem ao Brasil ser campeão no Rio oito anos antes. Voltaram desolados com a derrota diante do Uruguai e impressionados com o silêncio dos 200 mil torcedores que lotaram o Maracanã. Amargariam o resultado do jogo pelo resto de suas vidas.
Tive a sorte de sair de campo como campeão já na minha primeira copa ainda ouvida ao pé do rádio. E de sagrar-me outra vez campeão apenas quatro anos depois. Não me abalei com a frustração de 1966. Comecei a entender desde cedo que não se ganha sempre na vida, e que se aprende mais com os erros do que com os acertos.
E a Copa de 70 confirmou que era assim. A Seleção tri-campeã do mundo saiu do Brasil sob um profundo descrédito. Voltou como a Seleção de ouro. Até hoje é aclamada como a mais completa e soberba Seleção que o mundo conheceu. A do Telê em 1982 pode ter sido tão boa quanto, um pouco menos, talvez. Mas não trouxe a taça.
O 7 a 1 levado da Alemanha no Mineirão na última copa é o que nos faz desconfiar de que seja possível colher na Rússia o sexto título encruado há 16 anos. Não só isso, porém. A economia se arrasta. A esperança que havia vencido o medo está atrás das grades. A ponte para o futuro revelou-se uma pinguela que se espatifou.
Mas se o ferrolho da Suíça abrir-se diante do quarteto mágico do time de Tite e a Costa Rica revelar-se um espantalho… De novo seremos capazes de acreditar, se mais não seja por certo tempo, que o país do futuro poderá chegará mais depressa do que imaginamos graças aos nossos pés, mãos e capacidade de sonhar. Bola pra frente!