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Memórias do blog

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 13 mar 2018, 12h00 - Publicado em 13 mar 2018, 12h00

Texto do dia 13/03/2017

“Haverá espaço para uma saída política? Ou vamos considerar que todo mundo é bandido e abrir espaço para um aventureiro ‘salvador da pátria’?” – perguntou o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, ao deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) na última terça-feira.

Não sei o que Alencar respondeu. Estava distante da mesa compartilhada pelos dois no restaurante Piantella, em Brasília, Meca renovada dos políticos de quase todos os partidos. Só sei o que teria respondido a Aécio se estivesse no lugar de Alencar. Devolveria a pergunta:

– Que tipo de saída política? Alguma que signifique o perdão para crimes cometidos pelos políticos até aqui? Por que eles deveriam ser perdoados?

Compreensível que políticos transgressores queiram sobreviver. E que estejam em pânico à medida que a Lava Jato fecha o cerco em torno deles. Mas, e eu com isso? Diz a Constituição que somos iguais diante da lei. Por transgredirem e se sentirem ameaçados, os políticos devem ser salvos?

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Não sabiam que desrespeitar a lei é crime? Sabiam, mas apostaram na impunidade. Nenhum deles, por exemplo, foi punido até hoje pelo uso e abuso de caixa dois. Uma vez eleitos, ganham o direito a foro privilegiado e contam com a boa vontade de uma justiça amiga.

Se eu tiver mais dinheiro do que meus concorrentes, terei mais chances de me eleger. Compro apoios de partidos, aumento meu tempo de exposição no rádio e na televisão e prometo o impossível. Acabo fraudando direta ou indiretamente o resultado das urnas. É um crime de lesa-democracia.

Ninguém financia campanhas em troca de nada. E os que mais têm para dar são os que cobram os maiores trocos. Pode ser uma emenda a um projeto, ou mesmo a apresentação de um projeto que beneficiará o financiador, um voto em hora decisiva, qualquer coisa. Tudo significa dinheiro.

Aécio propôs um falso dilema a Alencar ao encaixar a segunda pergunta que lhe fez: “Ou vamos considerar que todo mundo é bandido e abrir espaço para um aventureiro ‘salvador da pátria’?” Não se pode nem se deve considerar todo mundo bandido. Mas cabe à Justiça decidir quem é ou não.

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Quanto ao risco de se abrir espaço para um “salvador da pátria”, faz parte do jogo democrático. Já tivemos mais de um – Jânio Quadros, eleito presidente em 1960 e Fernando Collor, em 1989. De tão maluco que era, Jânio renunciou imaginando voltar nos braços do povo como um ditador.

Collor foi derrubado pelo Congresso depois de jogar no buraco a economia do país e de ter sido alcançado por denúncias de corrupção. Recém-saído de uma ditadura militar que durara 21 anos, o país atravessou a turbulência em paz. Como em paz atravessou o impeachment de Dilma.

Os que desfilam como os mais estridentes defensores do povo costumam ser os que menos confiam no seu discernimento. Querem falar por ele, tutelá-lo e conduzi-lo. Comportam-se como se existisse uma única verdade, e como se fossem seus únicos portadores.

A alternância no poder é o maior bem do regime democrático.

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