Para salvar a face, o Supremo demite médico no caso das vacinas
Como sempre, a corda se rompeu do lado mais fraco
Quanto mais se mexe na história do ofício enviado pelo Supremo Tribunal Federal à Fundação Oswaldo Cruz pedindo a reserva de vacinas contra o coronavírus para aplicação em seus servidores, mais emana da história um odor intragável.
O ofício foi assinado por Edmundo Veras, diretor-geral do tribunal. Do ponto de vista administrativo, ele só está abaixo do ministro Luiz Fux, atual presidente do Supremo. Difícil que Fux não tenha sido consultado sobre a iniciativa.
Mas, ao dar-se crédito ao que ele diz, não foi consultado, embora, tão logo o ofício se tornou público, tenha saído em sua defesa. E o que Fux fez agora? Demitiu o médico Marco Polo Freitas, secretário de serviços integrados de saúde do tribunal.
Alguém teria de pagar pelo desgaste da imagem do Supremo, e o escolhido foi um servidor não concursado – no caso, o médico. A ele, por uma questão de hierarquia, não caberia informar Fux, caberia a Veras, mantido na função e, no momento, de férias.
Por vezes, a justiça tarda e falha.